Mulheres são maioria entre desempregados do Brasil
Dieese mostra que, quando empregadas, elas ganham em média 21% menos que os homens. Dados pioram quando se trata de trabalhadoras negras
Publicado 08/03/2023 15:27 | Editado 09/03/2023 18:18
E o mercado de trabalho segue mostrando distorções entre homens e mulheres. O boletim especial “8 de março, Dia da Mulher” divulgado pelo Dieese nesta segunda-feira (8) evidencia que apesar das mulheres representarem 44% da força de trabalho, elas são maioria entre os desempregados (55%) e recebem, em média, 21% menos do que os homens.
Segundo o estudo, a taxa de desemprego era de 6,9% para os homens e subia a 11% no caso das mulheres. As mulheres negras enfrentam ainda mais barreiras. Dados da Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicam que das 5,3 milhões de mulheres desempregadas, 3,4 milhões são negras.
Além disso, do total de pessoas fora da força de trabalho, 64,5% eram mulheres. Desse percentual, 5,7% delas estavam em situação de desalento, circunstância em que as pessoas querem trabalhar e estão disponíveis para o trabalho, mas desistiram de procurar vagas. Do total de desalentados, 55,5% eram mulheres.
Elas também representam mais da metade (55%) dos desalentados – aqueles que desistiram de procurar por vagas. De 2,3 milhões de desalentadas, havia 1,6 milhão de mulheres negras.
Já as mulheres subocupadas, ou seja, que trabalharam menos de 40 horas, mas gostariam de trabalhar mais, representavam 7,8% do total, ante 5,1% dos homens. Com isso, a taxa de subutilização chegou a 25,3% – bem acima da masculina (15,9%). A diferença também é grande no recorte por raça. Entre as negras, a taxa ficou em 30,2% e, entre as não negras, em 19,2%.
Mulheres ganham menos
Ainda segundo os dados da Pnad Contínua reunidos pelo Dieese, enquanto as mulheres ganhavam em média R$ 2.305, o salário dos homens era de R$ 2.909 (21% a menos).
Nos serviços domésticos, as trabalhadoras representavam cerca de 91% dos ocupados e o salário foi 20% menor do que o dos homens. No grupamento educação, saúde e serviços sociais, elas totalizaram 75% dos ocupados e tinham rendimentos médios 32% menores do que os recebidos pelos homens.
As diferenças de inserção, de ocupação e de rendimentos também são refletidos na família e acabam determinando o nível de bem-estar familiar, a forma como se dá a inserção de cada membro e a possibilidade de acesso a bens e serviços básicos.
Segundo o Dieese, quando se olha por cor, a renda das famílias negras sempre foi menor que a das não negras, independentemente do arranjo familiar. No caso das famílias chefiadas por mulheres negras com filhos, a renda média foi de R$ 2.362,00. Já entre casais com filhos, a renda média é de R$ 6.587 para os não negros e de R$ 3.767 para negros (-42,8%).
A maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por mulheres, informa o Dieese. “Dos 75 milhões de lares, 50,8% tinham liderança feminina, o que correspondente a 38,1 milhões de famílias.”
Equiparação salarial
Buscado uma solução para esse problema, o presidente Lula (PT) apresentou nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, um pacote com diversas ações cujo objetivo é assegurar direitos equivalentes entre homens e mulheres.
Uma das medidas é o envio de um projeto de lei que visa garantir o pagamento de salários iguais para homens e mulheres que exercem a mesma função ao Congresso Nacional.
“Quando aceitamos que mulher ganhe menos que homem na mesma função, estamos perpetuando uma violência histórica”, destacou Lula em seu discurso. “Com a lei da equiparação salarial que apresentamos agora, fizemos a questão de colocar a palavra ‘obrigatoriedade’. Se trabalha na mesma função, com a mesma competência, a mulher tem o direito de ganhar o mesmo salário”, completou o presidente.
Na ocasião, Lula estava acompanhado da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
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