Exposição sobre línguas indígenas em SP ganha versão virtual

Em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, a mostra “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação” sobre línguas indígenas pode ser vista de qualquer lugar do mundo.

Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação no Museu da Língua Portuguesa | Foto: Ciete Silvério/Divulgação

O Museu da Língua Portuguesa, localizado no centro da capital paulista, passou a disponibilizar desde segunda (23) uma versão virtual da mostra temporária “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”. O objetivo da exposição é propor ao público uma imersão na floresta cujas árvores representam dezenas de famílias linguísticas às quais pertencem as línguas faladas hoje pelos povos indígenas no Brasil – cada uma veicula formas diversas de expressar e compreender a existência humana.

Segundo a instituição, essa será a oportunidade para que mais pessoas possam conferir a exibição dedicada às mais de 175 línguas indígenas que ainda faladas por indivíduos pertencentes a 305 etnias diferentes.

A versão virtual e gratuita pode ser vista de qualquer lugar do mundo. Para acessar basta clicar no link https://nheepora.mlp.org.br/e explorar todo o conteúdo, que joga luz nas línguas e culturas dos povos originários do Brasil. 

Um dos vídeos que poderá ser visto virtualmente é “Resistência Indígena”, de Daiara Tukano e do Coletivo Bijari, que mostra como o processo de colonização e os conflitos de terra fizeram com que o número de línguas indígenas passasse de cerca de mil no ano de 1500 para apenas 175 nos dias de hoje.

Em cartaz até 23 de abril de 2023, a mostra virtual reproduz o passeio presencial à exposição, com a possibilidade de ver em detalhes as obras expostas, além de ouvir os sons ambientes, as instalações audiovisuais, os vídeos e áudios quase exatamente como estão disponíveis ao público no espaço do museu. Círculos brancos, indicados no chão do tour virtual, permitem que o visitante veja mais de perto todos os detalhes da exposição.

Virtualmente, o visitante ainda poderá arriscar falar algumas palavras em línguas como o xavante, o tuyuka e o terena podendo até participar de um karaokê cantando música indígena. Também é possível baixar diversos materiais, como um e-book com textos presentes na mostra e também os mapas criados exclusivamente para a exposição.

A curadora Daiara Tukano, na abertura da exposiçãoNhe’ẽ Porã: Memória e Transformação | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

“Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação” têm curadoria da artista, ativista, educadora e comunicadora indígena Daiara Tukano. O nome da exposição, segundo ela, é um conceito dos povos guarani e significa “boas palavras, bons pensamentos, bons sentimentos, palavras doces que vêm de coração para tocar o coração de cada pessoa”.

“Buscamos palavras doces para narrar trajetórias de resistência e luta dos povos indígenas. E, a partir desse sopro, esperamos encontrar uma escuta cuidadosa e disposta a se abrir à transformação”, diz o texto de abertura de uma das salas da mostra virtual.
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