Novo comandante do Exército deve acelerar investigação de atos golpistas

Na opinião de generais, Tomás Ribeiro Paiva “não vai demorar a abrir investigações internas”, seguindo, assim orientações diretas do presidente Lula

Lula cumprimenta o comandante do Exército Tomás Miguel Paiva (Foto: Ricardo Stuckert/ PR)

O Exército tende a acelerar a investigação sobre a participação de militares nos atos golpistas em Brasília, em 8 de janeiro. Na opinião de generais ouvidos pelo jornal O Globo, o novo comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, “não vai demorar a abrir investigações internas”, seguindo, assim orientações diretas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Definido por seus pares como “legalista”, “cumpridor de normas” e “discreto”, Paiva já declarou que a Constituição será seu “guia” – e que o Exército é uma “instituição de Estado, não partidária”. Ele vai substituir o general Júlio César Arruda, que foi demitido por Lula no sábado (21) por “fratura de confiança”, segundo o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Paiva já convocou para esta terça-feira (24) a primeira reunião com os outros 16 generais de quatro estrelas que compõem o Alto Comando.

“Não tenho dúvida nenhuma que ele vai mandar apurar todos os atos atentatórios à disciplina, abrindo inquéritos e sindicâncias”, afirma o general Juarez Cunha, demitido dos Correios pelo presidente Jair Bolsonaro em junho de 2019. “Quem cometeu transgressão disciplinar vai ser punido à luz do regulamento do Exército ou responder por crime, se for crime. Se for crime militar, vai responder na Justiça Militar. Se for crime comum, na Justiça comum. Ser militar é ser profissional, agregou.

Sua visão é compartilhada pelo também general Paulo Chagas. “Sobre os militares da ativa ou da reserva que, porventura, tenham cometido crimes ou transgressões disciplinares nas manifestações do dia 8, o costume das Forças Armadas é julgar com isenção cada caso e punir de acordo com os regulamentos e códigos militares”, avalia. “Não acredito que seja diferente agora, embora, aparentemente, possa ter havido um precedente no caso do general Pazzuello.”

É uma referência ao caso do general Eduardo Pazuello, que, ainda na condição de ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro (PL), participou de um ato golpista ao lado do ex-presidente. O gesto de Pazuello era uma infração à norma do Exército, mas não sofreu punição.

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