Alimentos elevam inflação em 0,53% em novembro
Preços de alimentos e bebidas subiram 11,59% nos últimos 12 meses, aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15)
Publicado 28/11/2022 12:11 | Editado 29/11/2022 11:05
A inflação chegou a 0,53% em novembro, após a variação de 0,16% registrado em outubro. A alta se deve principalmente pelo preço dos Alimentos e bebidas, cujo aumento foi de 0,21% em outubro para 0,54 em novembro, influenciado pelos 0,60% de aumento no preço dos alimentos para consumo no domicílio.
Já a refeição fora de casa variou em patamar semelhante (0,40%) à que foi vista no mês anterior (0,37%), com a refeição subindo 0,36%, enquanto o lanche aumentou 0,54%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado na quinta (24) pelo IBGE.
No ranking das 50 maiores altas, mais de 30 itens são do grupo Alimentação e Bebidas. O tomate encabeça a lista com uma alta de 17,79%, seguido da cebola, 13,79%, e da batata-inglesa, 8,99%. Houve ainda uma subida de 3,49% nos preços das frutas.
Os cuidados pessoais também entraram nas maiores altas. Os grupos Alimentação e Bebidas e Saúde e Cuidados Pessoais (0,91%) foram as maiores influências na prévia da inflação deste mês. Os destaques foram os itens de higiene pessoal (1,76%), em especial os produtos para pele (6,68%), e os planos de saúde (1,21%). Os Transportes ficaram em terceiro lugar (0,49%).
Apesar da gasolina não aparecer entre as maiores altas, o item teve o maior impacto individual no IPCA-15, devido ao peso que o combustível tem no indicador. Se em outubro os preços da gasolina recuaram 5,92%, em novembro subiram 1,67%. Além disso, os preços do etanol (6,16%) e do óleo diesel (0,12%) também subiram. O gás veicular (-0,98%) foi o único a apresentar queda entre os combustíveis pesquisados.
Confira a variação/mês dos grupos pesquisados:
- Alimentação e bebidas: de 0,21% para 0,54%
- Habitação: de 0,28% para 0,48%
- Artigos de residência: de -0,35% para 0,54%
- Vestuário: de 1,43% para 1,48%
- Transportes: de -0,64% para 0,49%
- Saúde e cuidados pessoais: de 0,80% para 0,91%
- Despesas pessoais: de 0,57% para 0,27%
- Educação: de 0,19% para 0,05%
- Comunicação: de -0,42% para 0,00%
Alta nos últimos 12 meses
Segundo o IPCA-15, nos últimos 12 meses, encerrados em novembro, os preços de Alimentos e bebidas subiram 11,59% considerado a prévia da inflação oficial no país. É quase o dobro do ritmo do índice geral, que avançou 6,17% em igual período, segundo os dados o IBGE.
No acumulado dos alimentos, as maiores influências vieram de refeição fora de casa, leite longa vida e cebola. O preço da refeição fora de casa subiu 7,81%. Com isso, respondeu por 0,28 ponto percentual da alta de 6,17% do IPCA-15 no período. Isso representa uma parcela de 4,2% da alta.
A segunda maior influência vem do leite, cujos preços subiram quase 30% (28,56%) em um ano, o que significa 0,19 ponto percentual da taxa. O aumento do leite afeta ainda os derivados do produto, como queijos e iogurtes. O preço da cebola foi a terceira maior influência com alta de 150,84% nos 12 meses até novembro, seguido pelo pão francês, com variação de 17,72%.
Inflação pressiona novo governo
Segundo divulgado pelo jornal O Globo, desde 2018 o preço dos alimentos vem crescendo acima da inflação, refletindo não só o aumento nos preços internacionais, mas também as mudanças em políticas públicas, como a redução dos estoques reguladores. E não há sinal de melhora. A combinação de efeitos climáticos adversos, guerra na Ucrânia e dólar valorizado deve manter os alimentos sob pressão em 2023.
O resultado indica assim que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciará seu terceiro mandato, em 2023, com a inflação acima do teto da meta oficial para 2022. A meta de inflação para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5% e será considerada cumprida se oscilar entre 2% e 5%. E, assim como aconteceu em 2021, o Banco Central vê grande chance de estouro da meta em 2022.
Ao Globo, o economista Heron do Carmo, professor sênior da FEA/USP, explicou que “a pandemia perturbou os preços relativos dos alimentos. Além disso, tivemos uma série de problemas climáticos, que afetaram a produção, e conflitos geopolíticos. Outra questão é a taxa de câmbio, que está muito desvalorizada no Brasil, o que afeta preço de trigo, milho e preço de insumos.”
Entre 2018 e 2021, os preços de alimentos subiram em média 44%, quase o dobro da inflação, de 24%. O custo da cesta básica, por sua vez, saltou de R$ 443,81 em janeiro de 2018, no Rio, para R$ 736,28 em outubro de 2022, aumento de 66%. Na capital paulista, a alta foi de 73%: de R$ 439,20 para R$ 762,2, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Já a renda do trabalhador caiu 7,61% no período.
Segundo Luiz Roberto Cunha, economista e professor da PUC-Rio em entrevista para O Globo, essa tendência deve se repetir. A alimentação no domicílio deverá encerrar o ano com alta em torno de 13% e 14%, mais que o dobro do esperado para a inflação geral, que deve ficar perto de 6%.
“O patamar de preços está elevado. E, mesmo que agora tenhamos uma variação mais baixa, os preços estão altos para a renda média do brasileiro, que não cresceu nesse período. É grave.”, disse.
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com informações de agências