Cresce o número de ataques hackers bolsonaristas a sites pró-Lula
Grupo BolsonaroCyberMafia ataca páginas de Lula e aliados; presidente do TSE diz ainda que País enfrenta a “segunda geração” de fake news nas eleições deste ano
Publicado 13/10/2022 15:11 | Editado 13/10/2022 15:13
O segundo turno das eleições têm sido marcadas por constantes ataques cibernéticos a sites e páginas de apoiadores do ex-presidente Lula (PT) e políticos do PT, além das divulgações massivas de fakenews. Há poucos dias, o grupo bolsonarista denominado “BolsonaroCyberMafia” invadiu e assumiu o controle das páginas modificando o conteúdo para pedir votos em favor de Jair Bolsonaro (PL), adversário de Lula no segundo turno da corrida eleitoral.
Segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (13) pelo Estadão, as invasões foram registradas em um repositório digital usado para dar publicidade aos ataques e cultivar prestígio no meio do cibercrime.
As investidas contra as páginas consistem em substituir o conteúdo dos sites por mensagens anti-Lula e a favor de Bolsonaro. Conhecido no meio como “defacement”, um tipo de “pichação virtual”, a investida é realizada a partir de falhas de segurança.
Um dos ataques mais recentes aconteceu no dia 7 de outubro, contra o site da bancada do PT na Câmara dos Deputados. A página principal foi substituída por mensagens como “o PT diz lutar pelos pobres, mas o PT só se mostrou desigual ao longo dos anos, pessoas na pobreza enquanto os engravatados estão de bolso cheio”, dizia a mensagem. “No segundo turno vote 22”.
Aliados também sofrem ciberataques
O site oficial do deputado Eduardo Suplicy (PT-SP) foi atacado no dia 5 de outubro e exibia as mensagens “Vermelho é a cor da fome” e “No segundo turno vote 22″. Além de Suplicy, os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Natália Bonavides (PT-RN) e Benedita da Silva (PT-RJ), também foram alvos de ataques cibernéticos.
Ao assumir o controle das páginas, os hackers inserem imagens e palavras de ordem favoráveis ao candidato do PL à reeleição, Jair Bolsonaro. “Deus no céu e Jair Bolsonaro na presidência”, dizia outro alerta deixado pelos hackers. “Nossa bandeira JAMAIS será vermelha”.
Até o momento não foi possível identificar o BolsonaroCyberMafia nas redes sociais e nenhum usuário se apresentou como líder do grupo. Entre os alvos também estão a página da deputada estadual Any Ortiz (Cidadania-RS) e a do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso.
Vale lembrar que no último dia 27 de setembro, o site oficial do ex-presidente Lula também foi alvo de ataques criminosos pró-Bolsonaro. Na ocasião, o grupo “CyberTeam”, que assumiu a autoria de ataques a páginas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alterou o site e passou a exibir uma mensagem a favor do presidente acompanhada de uma montagem na qual o candidato da Fe Brasil aparecia preso.
A ação rende prestígio aos hackers no mundo do cibercrime, embora não permita o controle total do site e seja considerada de menor potencial ofensivo.
Fake News
Como se não bastassem os hackers, a Campanha de Lula ainda precisa lidar com a divulgação massiva das fakenews relacionadas ao ex-presidente. O gabinete do ódio bolsonarista tem investido pesado na desinformação visando ganhar as eleições a qualquer custo.
Ainda nesta quinta, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, afirmou que segundo turno está sendo marcado por “duas novas modalidades de desinformação”.
“A primeira delas é a manipulação de algumas premissas verdadeiras, que junta várias informações verdadeiras que aconteceram chegando a uma conclusão falsa. A segunda delas é a utilização de mídias tradicionais para se ‘plantar’ fake news e, a partir disso, as campanhas replicam essas fake news, dizendo que ‘isso é uma notícia’”, afirmou.
Segundo Moraes, “não se pode admitir mídia tradicional de aluguel, que faz uma suposta informação jornalística absolutamente fraudulenta para permitir que se replique isso. Esses casos cresceram muito a partir do segundo turno, e devem ser combatidos para garantir a informação de verdade”.
A afirmação do ministro foi feita feitas durante o julgamento do canal bolsonaristas “Brasil Paralelo”, acusado pela campanha do ex-presidente de divulgar matérias associando o candidato à presidência a casos de corrupção.
O plenário do TSE decidiu por 4 votos a 3, determinar a remoção de um vídeo divulgado pela produtora alegando que a publicação atingiu a honra de Lula. A veiculação do vídeo deve ser suspensa sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
Também nesse julgamento, o ministro Ricardo Lewandowski disse que houve uma “grave desordem informacional”. “Nós estamos diante de um fenômeno novo, o fenômeno da desinformação, que vai além da fake news. O eleitor não está preparado para receber esse tipo de desordem informacional”, disse.
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Com informações de agências