STF tem novas ações contra empresários golpistas defensores de Bolsonaro
Randolfe Rodrigues, primeiro a acionar o Supremo, pediu para que fosse avaliada a quebra de sigilo, congelamento de contas e prisão preventiva dos empresários
Publicado 19/08/2022 12:23 | Editado 19/08/2022 13:00
Depois do líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), deputadas federais do PSOL também ingressaram nesta quinta-feira (18) com denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresários bolsonaristas que defenderam, em grupo de WhatsApp, golpe de Estado caso Lula vença a eleição de outubro. Elas querem que eles sejam investigados por afrontar a Lei nº 14.197/2021, que criou os crimes contra o Estado democrático de Direito.
Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim (SP) e Vivi Reis (PA) endereçaram o documento ao ministro Alexandre de Moraes, que é relator do inquérito 4.874/DF, das milícias digitais.
Na peça, as parlamentares informam que os empresários Luciano Hang (Havan), Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu), José Isaac Peres (BarraShopping), Meyer Nigri (Tecnisa), José Koury (Barra World Shopping), Ivan Wrobel (W3 Engenharia), Marco Aurélio Raymundo (Morongo), Vitor Odisio (Thavi Construction), Carlos Molina (Polaris) e André Tissot (Sierra) têm trocado mensagens em um grupo denominado “Empresários & Política” em que falam abertamente sobre as medidas que podem tomar caso Bolsonaro seja derrotado.
No mesmo dia, a Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral protocolou notícia-crime no STF para que os empresários sejam incluídos como investigado no inquérito comandado por Moraes. A Coalizão requereu apreensão dos celulares; a quebra de sigilo telefônico para verificar a autenticidade das mensagens; e a investigação sobre a atuação dos denunciados na preparação e financiamento dos atos do próximo dia 7 de setembro.
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“Sempre soubemos que os empresários apoiadores de Jair Bolsonaro não possuem apreço pelas liberdades democráticas, mas provas tão contundentes como essas não podem passar despercebidas. Eles cometem um crime contra a Constituição e as liberdades democráticas quando fomentam ameaças golpistas. É preciso que haja investigação, que sejam incluídos nos inquéritos existentes por fomentar aventuras golpistas. Não podemos deixar estes episódios passarem. É necessário denunciar. ”, afirmou Fernanda Melchionna.
As deputadas argumentam que as declarações fazem coro às manifestações mais graves do candidato à reeleição presidencial, que de maneira sistemática e coordenada promove ataques ao sistema eleitoral ao longo de todo o seu mandato, divulgando informações falsas de fraude eleitoral e ameaças abertas ao estado democrático de direito, tendo tido, inclusive, postagens e vídeos retirados das redes sociais por flagrante divulgação de desinformação e de fake news sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) advertiu: “Os empresários bolsonaristas que defendem um golpe não passam de parasitas covardes. Lucraram bilhões e querem manter os privilégios de amigos do rei. Será que os valentões sabem a pena para tentativa de golpe? Art. 359-M da lei 14.197/21: 4 a 12 anos de reclusão. Vão tentar?”.
Prisão
Randolfe Rodrigues, que ingressou com ação na quarta-feira (17), pediu ao STF que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal sejam acionados para avaliarem a quebra de sigilo, congelamento de contas e prisão preventiva dos empresários.
“Não Passarão! Estamos peticionando ao STF, pedindo quebra de sigilo, bloqueio e se necessário prisão. A democracia não pode tolerar a convivência com quem quer sabotá-la”, disse o senador.
Entenda
O caso foi revelado na quarta-feira (17) pela coluna de Guilherme Amado no Metrópoles. O jornalista, que teve acesso aos prints das conversas, informou que a defesa do golpe era explícita. Soma-se a isso, uma postura comum a quase todos: “ataques sistemáticos ao STF, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a quaisquer pessoas ou instituições que se oponham ao ímpeto autoritário de Jair Bolsonaro”.