No dia do Estudante, manifestações defendem a democracia das ameaças de Bolsonaro
As entidades estudantis se revezaram em manifestações, desde manhã até a noite, na avenida Paulista, centro de São Paulo. Mesmo com o frio e chuva, os gritos de Fora Bolsonaro ecoaram nas ruas de todo o Brasil.
Publicado 12/08/2022 08:30 | Editado 12/08/2022 08:37
Além do dia em que foram criados os primeiros cursos de Direito do Brasil, o 11 de agosto também é o dia do Estudante. Foi nesta data, há 85 anos, que a União Nacional do Estudante foi fundada. Assim, o dia já é tradicionalmente ocupado por manifestações estudantis.
Desde cedo, a juventude estudantil foi para as ruas. Na cidade de São Paulo, este movimento teve um gosto especial com a leitura de duas cartas em defesa da democracia, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Assim, o tema da defesa das instituições democráticas, as críticas ao governo de fome e desemprego de Bolsonaro e o repúdio à corrupção no Ministério da Educação, compuseram o grito de guerra nos protestos.
Logo cedo, um grupo que se concentrava em frente à Faculdade, rumou para a avenida Paulista. A União Municipal de Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP) fez a convocação, que foi agregando representantes da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) e União Nacional dos Estudantes (UNE).
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O manifesto da UMES denuncia o desprezo com que Bolsonaro trata o processo eleitoral. “Bolsonaro quer ficar no poder de qualquer jeito para continuar sua política de fome e violência”, diz o texto. “Bolsonaro orquestra um grande golpe contra a nossa democracia acusando o sistema eleitoral de fraudulento sem prova alguma, promovendo diariamente a violência política, incentivando o armamento de seus apoiadores e constantemente tentando jogar as Forças Armadas contra a democracia”, denunciam os estudantes.
Segundo tempo
No final da tarde, outro grupo de estudantes voltou a ocupar a mesma avenida. Agora, acompanhados dos militantes de outros movimentos sociais, voltaram ao ataque contra Bolsonaro e seu golpismo. Nem o dia mais frio do inverno, com garoa e vento, desanimou os manifestantes. Os jovens que estiveram desde cedo, continuavam ocupando o vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), assim como os dirigentes das entidades estudantis.
A presidenta da UNE, Bruna Brelaz, disse ao Portal Vermelho que a entidade foi incansável, desde o ano passado, mobilizando as ruas para denunciar as atrocidades de Bolsonaro. Hoje, com a unidade dos movimentos sociais e entidades da sociedade civil, a juventude está mostrando para Bolsonaro “que não vai haver espaço para qualquer tipo de golpismo ou tentativa de flertar com elementos do passado que o Brasil não quer lembrar”.
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Bruna comemorou que, em todo o Brasil, tenha havido grande movimentação contra a violência politica e ameaças de Bolsonaro à democracia. Para ela, a juventude mostrou que as gerações anteriores podem se orgulhar do que foi feito neste aniversário de 85 anos da entidade.
O presidente da União da Juventude Socialista (UJS), Iago Montalvão, também conversou com a reportagem, enquanto protegia o material gráfico da entidade da garoa. Para ele, a juventude sempre jogou um papel fundamental nas manifestações. Uma prova disso, diz ele, foi a presença massiva em atos, mesmo durante a pandemia, quando as escolas e universidades estavam fechadas.
“No dia em que a UNE completa 85 anos, vivemos um momento histórico de protagonismo da juventude em defesa da democracia. É um dia de somar forças, de ampliar alianças na sociedade, com a certeza de que esta unidade vai derrotar Bolsonaro”, afirmou.
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O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, também estava a frente do grupo de estudantes. Para ele, o dia de luta mostra um levante da sociedade brasileira, despertando para o risco que representa Bolsonaro.
De acordo com o parlamentar, o ato de Bolsonaro com embaixadores para criticar as instituições democráticas brasileiras representou uma viragem na mobilização da sociedade. “Ele passou de todos os limites e praticou um crime de traição nacional”.
Para Orlando, a leitura da Carta aos Brasileiros de 1977 derrubava uma muralha que protegia a ditadura militar. Hoje, a Carta edificou uma muralha para proteger a democracia. “Hoje vai ser uma inflexão na resistência da democracia e vai criar um ambiente favorável para retomar um projeto de desenvolvimento com a eleição de Lula presidente”.
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O deputado ainda lembrou que a comemoração dos 85 anos da UNE tem a cara da entidade, a cara da luta. “A juventude sempre esteve na linha de frente das lutas sociais e nada melhor do que comemorar aniversário nas ruas lutando em defesa da democracia”, concluiu.