Reunião com Lula expressou unidade da frente partidária na campanha
Primeira reunião entre Lula, Alckmin e sete partidos discutiu estratégia eleitoral, assim como a organização da comunicação, do programa de governo, da agenda, da mobilização e das finanças.
Publicado 24/05/2022 07:05 | Editado 24/05/2022 12:40
Nesta segunda-feira (23), a coordenação-geral da aliança que apoia as pré-candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-governador Geraldo Alckmin fez sua primeira reunião, na capital paulista. Participaram, na parte da manhã, Lula e Alckmin, os presidentes e mais dois representantes de cada um dos sete partidos que lançaram o movimento Vamos Juntos Pelo Brasil (PT, PSB, Solidariedade, PSOL, PCdoB, PV e Rede).
À tarde, representantes dos sete partidos debateram sobre áreas temáticas de organização da campanha: programa, comunicação, agenda, mobilização, finanças da pré-campanha. Foi enfatizado que tudo que envolve a organização da campanha será conversado com os sete partidos.
O especialista do Vox Populi, Marcos Coimbra apresentou um estudo de série de pesquisas desde 2021. Segundo Gleisi Hoffmann, presidente do PT e da Federação Brasil da Esperança, os números são positivos para as candidaturas de Lula e Alckmin. “Mostra que temos uma estabilidade nas intenção de voto e também uma consolidação em relação a quem vota em Lula ou Bolsonaro, o que não foi verificado em outros períodos”.
Sobre a estratégia do adversário, a campanha pretende sempre que necessário desconstruir as mentiras e desinformação, assim como está montando um setor jurídico e de comunicação atento a isto. “Acho que esta campanha será muito judicializada, por conta das barbaridades que eles fazem. E espero que as instituições, especialmente o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] tomem medidas firmes em relação a propagação de fake news”, afirmou Gleisi Hoffmann durante a coletiva de imprensa logo após o encontro.
Várias lideranças partidárias falaram ao Portal Vermelho sobre a reunião desta segunda-feira. A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, saiu animada da reunião. Segundo ela, foram debatidos os temas mais candentes do eixo que deve conduzir a abordagem da campanha. De acordo com Luciana, a campanha deve falar de futuro, mas afirmando o vetor de força que é o legado do presidente Lula.
O legado das gestões anteriores de Lula serão lembrados na campanha. “Foram momentos de pleno emprego no Brasil e de crescimento econômico. Estas são as questões universais que falam para todo o povo brasileiro”, acredita. “Esse é o ritmo que a campanha quer impor, pautando o debate sobre a retomada do crescimento, do papel importante do estado, não só para induzir a economia, mas para garantir as políticas públicas essenciais”, relatou.
O prefeito do Recife, João Campos (PSB) estava entusiasmado com a possibilidade de todos sentaram à mesma mesa para apresentarem seus pontos de vista sobre a conjuntura. Para ele, o ponto alto da reunião seria o debate programático, “para que se entenda não apenas o ambiente da disputa política, mas sobretudo o ambiente da construção que o Brasil precisa”.
Campos também apontou a contribuição de Geraldo Alckmin (PSB) para a campanha. “A própria figura dele fala por si, por ter um perfil conciliador que tem legitimidade e conseguir ser respeitado em segmentos importantes da sociedade. Vence quem junta, quem agrega, inclusive os diferentes. Eu vejo que o governador Geraldo Alckmin vai ter essa tarefa de mostrar que o momento não é de uma simples sucessão presidencial, mas vai exigir desprendimento de todos nós”, defendeu.
O senador do Amapá, Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade, considera que, desde lançada, a campanha vem tendo “um crescimento virtuoso”. Para ele, o melhor cenário para o Brasil é derrotar Bolsonaro no primeiro turno. “Bolsonaro não vai aceitar o resultado dessa eleição, então, derrotá-lo no primeiro turno é uma necessidade para a democracia brasileira”.
Guilherme Boulos, do PSol, acredita que será muito necessário que esta campanha seja de mobilização, “pelo nível de polarização e pela forma odiosa como Bolsonaro tenta trazer o debate”. Para ele, Lula precisa de uma vitória forte e expressiva “que não dê margem, nem brecha para qualquer alucinação golpista”. Ele acredita que uma vitória no primeiro turno é possível e boa para o Brasil, pois são cinco meses pela frente de campanha.
Paulo Pereira da Silva, do Solidariedade, considera que há espaço para ampliar, especialmente a partir do diálogo com o empresariado e o setor financeiro. Para ele, Geraldo Alckmin pode cumprir esse papel de ir além da esquerda e do centro para garantir a competitividade e a vitória no primeiro turno.
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Regulação do Telegram
A presidente do PT antecipou que pretende discutir com o TSE a regulação do aplicativo de mensagens Telegram, para que não seja “terra de ninguém”. “Ou vai todo mundo virar vítima disso? Porque, num primeiro momento, nós somos vítimas, depois, as próprias instituições democráticas, como está sendo o TSE e o próprio Supremo Tribunal Federal”, questionou.
Ampliar nos estados
O debate político abordou a importância da unidade e da ampliação do Movimento Vamos Juntos pelo Brasil procurando outros partidos e lideranças politicas. “O que não for possível ampliar nacionalmente, precisamos procurar ampliar nos estados, convencendo a todos de que esta é uma luta histórica da democracia contra o autoritarismo”, afirmou Gleisi.
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As conversas com o PROS, o Avante, o MDB e o PSD, especialmente por parte das lideranças partidárias, é avaliada como positiva. “Temos uma boa relação com Gilberto Kassab, do PSD, mas não sabemos se será possível um apoio nacional, devido à dinâmica do partido nos estados, que tem divergências”, explicou.
O MDB no Nordeste tem bastante simpatia pela candidatura de Lula. “As conversas são feitas com lideranças regionais, mas respeitando a legitimidade da possível candidatura de Simone Tebet (MS)”, ressalta Gleisi. Ela também negou pressão do PT para que o PDT desista da candidatura de Ciro Gomes, cujos votos contribuiriam para uma vitória de Lula em primeiro turno.
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Desistência de Doria
Gleisi evitou tratar do assunto do dia, a desistência de João Doria (PSDB) da pré-candidatura à Presidência da República. O tema atropelou a reunião por sua urgência, mas não teria sido tratado como tema na reunião, por ser um encontro de trabalho específico.
“Não discutimos [se vamos procurar o PSDB e Dória para buscar apoio], embora eu tenha visto na imprensa dirigente nosso que disse que iria procurar, mas disse isso por conta própria. Não somos contra ninguém que queira se colocar nesse campo democrático, mas ainda não discutimos isso”, encerrou o assunto.