Planos de Saúde chegam a comprometer 40% do orçamento de famílias de idosos
Reajustes acima da inflação tornaram gastos insustentáveis para muitas pessoas ao avançar da idade.
Publicado 22/04/2022 18:03 | Editado 22/04/2022 19:01
Um estudo publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública” da Fiocruz, no último dia 13, revela que o pagamento de um plano de saúde tem enorme impacto no orçamento das famílias brasileiras. Entre os dados apresentados, o mais chocante mostra que algumas famílias chegam a ter 40% da renda domiciliar per capita comprometida com o pagamento dessa conta.
O comprometimento da renda é ainda maior entre as famílias que possuem integrantes idosos e que têm uma renda mais baixa, informa a pesquisa que tem integrantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Um dos pesquisadores envolvidos no estudo, Ricardo Moraes, disse que as famílias se colocam em uma situação de insegurança financeira para pagar os planos de saúde, que têm aumentos de mensalidade constantemente acima da inflação.
“As definições de gasto catastrófico com saúde consideram que ele acontece quando as pessoas têm que abrir mão de gastos básicos (como alimento e moradia), por um certo período de tempo, para pagar despesas com saúde. Isso pode acontecer com pessoas que têm que arcar com grandes aumentos nas mensalidades de seus planos e não podem, no momento, abrir mão desse serviço. É o caso de pessoas idosas em tratamento médico ou que consideram que há grande chance de precisar de atendimento e do acesso a esse atendimento que o plano propicia”, explicou o pesquisador.
Os reajustes dos Planos de Saúde
Entre as 57.920 mil famílias pesquisadas de julho de 2017 a julho de 2018 (universo da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE), o que mais trouxe insegurança financeira foram os reajustes dos Planos de Saúde coletivos. Moraes explica que os sucessivos aumentos acima da inflação que se acumulam ao longo dos anos – sem o controle da ANS, como no caso dos Planos de Saúde individuais – geram um acúmulo que pesa no orçamento doméstico.
O pesquisador chama atenção de que os formuladores de políticas públicas precisam levar em conta os dados da pesquisa para que a situação seja ao menos abrandada: “É importante que os formuladores de políticas públicas, o público em geral e também as empresas de planos de saúde tenham informações abrangentes sobre quem paga hoje por esse serviço, sobre como esse gasto se relaciona com a renda dessas pessoas e sobre que tipo de problema (como o gasto catastrófico) os reajustes muito altos de mensalidades podem criar”, conclui.
Fonte: Portal Reconta Aí com informações da Agência Bori