Fascistas ucranianos ameaçam sabotar acordo de paz com a Rússia
Além do governo ucraniano ceder aos grupos abertamente fascistas, exortando-os a se armarem mais fortemente, muitos dos outros partidos políticos ucranianos, com exceção do Partido Comunista, também anunciam oposição a qualquer compromisso de paz.
Publicado 16/02/2022 07:43 | Editado 15/02/2022 21:44
Enquanto grande parte do mundo luta para encontrar uma saída para a crise da Ucrânia, grupos fascistas influentes dentro e fora do governo prometem impedir qualquer acordo de paz com a Rússia que não lhes agrade. Ainda mais preocupante é que o governo ucraniano, liderado pelo presidente Volodymyr Zelensky, está tentando usar seus laços com a extrema direita como alavanca contra os esforços de paz em curso, exortando os fascistas e grupos nacionalistas a se armarem mais fortemente.
Yuri Hudymenko, líder do grupo fascista Machado Democrático, está liderando apenas uma das dezenas de perigosas organizações de direita envolvidas nas mobilizações e ameaças. Ele deu uma entrevista na ao The New York Times na qual declarou que sua organização, que é um partido político no parlamento ucraniano, se opõe firmemente a qualquer compromisso com a Rússia.
Ele não reservou suas ameaças apenas para a Rússia e deixou claro que os fascistas e nacionalistas do país estão preparados para pegar em armas contra o próprio governo ucraniano se este fizer qualquer compromisso. “Vamos lidar com a Rússia de uma forma ou de outra”, declarou ele, antes de acrescentar enfaticamente, “se alguém do governo ucraniano tentar assinar tal documento (um acordo de paz), um milhão de pessoas sairá às ruas e esse governo deixará de ser o governo”.
A Rússia continua dizendo que sua colocação de mais de 100.000 soldados na área de seu território perto da fronteira com a Ucrânia não faz parte de um plano de invasão, e o presidente russo Vladimir Putin disse que planeja continuar apoiando as negociações que seguem avançando.
Entre as questões em debate, está o renascimento do Protocolo de Minsk de 2014 e os arranjos que veriam uma Ucrânia neutra, que prometeu nunca aderir à OTAN. Essas são as principais exigências russas. Putin diz que se reunirá novamente com o presidente francês Emmanuelle Macron para discutir a busca de um acordo.
Enquanto isso, o Presidente Joe Biden mantém o discurso belicoso, instando os americanos na Ucrânia a saírem do país imediatamente. O Reino Unido age do mesmo jeito. Essa postura é vista por diplomatas como estímulo aberto à hostilidade. “Isso nos faz pensar”, disse o ministro russo das relações exteriores Sergei Lavrov, “que eles (o Ocidente) estão planejando algo”.
Infelizmente, a mídia ocidental continua reproduzir o discurso de Biden, estimulando a histeria da guerra. A imprensa dos Estados Unidos e da Europa Ocidental está descrevendo as atuais manobras militares conjuntas Rússia-Bielorrússia, em Belarus, como preparativas para uma invasão da Ucrânia. As manobras, entretanto, são um treinamento anual que se realiza há pelo menos dez anos, e a Rússia disse que suas tropas partirão no dia 20 de fevereiro, quando forem concluídas. Enquanto isso, as manobras ocidentais envolvendo milhares de tropas americanas continuam em vários países nas fronteiras da Rússia.
Pelo menos alguns dos motivos, se não todos, para a colocação de tropas russas perto da fronteira com a Ucrânia são claros. O resultado dessa colocação foi, pela primeira vez desde o final da Guerra Fria, um amplo debate internacional sobre as necessidades de segurança da Rússia, algo que a OTAN nunca esteve disposta a entreter até agora.
Enquanto isso, a evidencia-se cada vez mais a ameaça fascista na Ucrânia.
Ainda mais perigoso e mais poderoso do que o Machado Democrático é o grupo Ala Direita, um dos grupos que o governo ucraniano tem exortado a se armar mais fortemente. O Ala Direira tem fornecido armas ao Machado Democrático, que apesar de ser um partido político, realiza regularmente operações que envolvem o armamento de seus membros. O Ala Direita tem liderado manifestações armadas em Kiev regularmente, incluindo atos em apoio ao golpe de direita de 2014 na Ucrânia.
Alexander Ivanov, diretor de mais uma organização fascista chamada Movimento de Resistência contra a Capitulação, anunciou planos para manifestações maciças envolvendo sua organização, o Ala Direita, o Machado Democrático, e inúmeras outras.
Escandalosamente, Ivanov tem dito que uma invasão russa é apenas uma possibilidade, mas que a derrubada do governo ucraniano pela massiva coalizão fascista é uma “certeza” se ela fizer algum tipo de compromisso de paz.
Além do governo ucraniano ceder aos grupos abertamente fascistas, exortando-os a se armarem mais fortemente, muitos dos outros partidos políticos ucranianos, com exceção do Partido Comunista, também anunciam oposição a qualquer compromisso.
Hudymenko, o chefe do Machado Democrático, tem um histórico de atividades violentas. Ele foi um grande planejador do golpel de 2014 e das manifestações armadas que ocorreram depois Kiev. Ele passou vários meses na prisão por explodir uma estátua de Joseph Stalin, segundo o New York Times, em sua cidade natal de Zaporizhzhia, no leste da Ucrânia.
Ele nega o perigo da guerra, dizendo que a guerra não é novidade e que a Ucrânia está em guerra com a Rússia “há séculos”. A possibilidade de uma guerra ampla nos tempos modernos envolvendo potências com armas nucleares parece não preocupar nem a ele nem aos nacionalistas e fascistas que parecem ter um estrangulamento sobre o governo ucraniano, se não sobre o próprio povo ucraniano. O correspondente da NBC, Richard Engels, disse que as pessoas nas ruas das cidades ucranianas continuam sem preocupações e continuam a dizer que não esperam nenhuma invasão da Rússia.
Fonte: People’s World