Mercado de carbono deve gerar US$ 10 bi ao ano ao Brasil, diz ministro
Segundo Joaquim Leite, Brasil foi protagonista no acordo que criou o mercado de carbono global.
Publicado 23/11/2021 08:31 | Editado 23/11/2021 11:54
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse nesta segunda-feira (22) que o novo mercado global de carbono deve movimentar algo em torno de US$ 50 bilhões ao ano, sendo que a estimativa do governo é que US$ 10 bilhões sejam destinados ao carbono que o Brasil vai exportar. Especialistas criticam foco do governo no caráter mercantilista da defesa do meio ambiente.
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Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, Leite avaliou que o país foi protagonista nas negociações no âmbito da 26ª Conferência sobre as Alterações Climáticas (COP26), em Glasgow. Ele se referiu à meta de atingir a neutralidade de carbono até 2050 como a maior ambição apresentada por países em desenvolvimento do G-20. Houve críticas, no entanto, de que o Brasil poderia ter apresentado propostas mais ambiciosas, já que a meta apresentada em nada difere daquelas de 2014.
“O Brasil teve um papel importantíssimo, especialmente no acordo que criou o mercado de carbono global. O Brasil atuou de forma construtiva e proativa. Nós articulamos quando necessário, pressionamos os países que queriam bloquear a negociação e, ao mesmo tempo, esclarecemos pontos positivos para outros países.”
Pelo mercado de carbono, países com maiores taxas de emissões de carbono podem compensar sua poluição financiando a preservação de florestas em países mais pobres. A crítica dos ambientalistas é que isto favorece que países muito poluentes como EUA, não busquem neutralizar suas emissões, apenas pagando para continuar poluindo.
Por outro lado, países em desenvolvimento, como o Brasil, deixam de desenvolver sua economia para continuar recebendo créditos de carbono, transformando suas florestas em santuários, em vez de explorar suas potencialidades de forma sustentável. Ainda assim, o mercado de carbono é um importante instrumento de estímulo à redução de poluição do ar em países industrializados e de preservação de florestas em países em desenvolvimento.
Ainda de acordo com o ministro, o Brasil realizou, em Glasgow, um total de 24 reuniões com países como Estados Unidos, China, Suíça, Paraguai, Uruguai e Argentina, além de membros da União Europeia. Para Leite, as rodadas demonstram o que ele chama de protagonismo brasileiro na negociação do clima. A retórica do ministro procura neutralizar as críticas de que o Brasil foi recebido com desconfiança pelas políticas de desmonte da fiscalização de desmatamentos na Amazônia.
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“Começamos a mexer nesse tabuleiro de negociação multilateral de todos os países – são praticamente 200 países – que tinham que aprovar esse texto no final da conferência. Nós conseguimos esse objetivo. A meta era essa mesma e nós conseguimos criar o mercado global de carbono. O Brasil será um exportador de carbono pro mundo”, concluiu.
O mercado de carbono já existe em partes da Europa e América do Norte. Com a COP26, houve acordos para ampliar a contribuição dos países ricos, mais poluentes, para a neutralização de emissão de gases em países pobres e em desenvolvimento.
Acompanhe a entrevista ao vivo:
Assista também a entrevista sobre o assunto do representante do governo de Pernambuco, em Glasgow, José Bertotti: