O dilema da elite
A elite agora está a pagar preço alto pela sua campanha de desmoralização e criminalização da política que também matou seus candidatos.
Publicado 10/11/2021 07:48 | Editado 10/11/2021 11:49
A elite brasileira que não aceita estar fora do poder. Para não perder seus privilégios, fez de tudo para derrubar a presidenta Dilma Rousseff. Em seu lugar o ilegítimo Michel Temer tratou logo promover as reformas que a beneficiavam arrancando direitos conquistados pelos trabalhadores em muitos anos de lutas.
Findo o mandato Temer, para não correr o risco da volta de governos populares, tratou logo de criminalizar Lula, o candidato com maior chance de derrotar as elites golpistas, e colocá-lo na cadeia.
A velha elite coloca em campo seus candidatos preferidos, mas eis que surge uma pedra no caminho por nome Bolsonaro. Este surfa na onda da campanha contra a “velha política” e embora sendo um deles, consegue se colocar como novo, como o antissistema. Não era o candidato da elite, mas acabou tendo seu apoio para evitar o retorno do PT.
No poder Bolsonaro, se mostrou indomável, tanto pela elite como pelas Forças Armadas, mas um dócil serviçal dos interesses externos, dos americanos, do mercado e do sistema financeiro.
Bolsonaro eleito, imediatamente viaja para os Estados Unidos, bate continência à bandeira americana, humildemente se declara Trump como seu ídolo e deixa clara sua subserviência.
A partir daí compõe o seu governo sob orientação do seu guru Olavo de Carvalho, que reside nos EUA, passa atender os interesses dos setores que sempre sonharam colocar o Brasil de joelhos, impedir seu desenvolvimento, transformá-lo em mero fornecedor de matéria-prima e mão de obra barata, para que assim o Brasil não fosse mais um país concorrente.
Bolsonaro então declara, ”não vim para construir e sim para desconstruir”. Sim, para cumprir sua missão de servir aos interesses externos e trair sua pátria, colocou no comando da economia o tal “Posto Ipiranga”, formado e treinado na escola de Chicago, especialista na política neoliberal, do estado mínimo, de privatização total e eliminação das conquista e direitos trabalhistas.
A partir daí, Paulo Guedes promove cortes violentos nas áreas da Educação, Ciência e Tecnologia, nas áreas que dão suporte à industrialização, na Cultura, e outras estratégicas ao nosso desenvolvimento.
Para entregar nossas riquezas desmonta a sucateia nossas refinarias, a Petrobras, vende os mais ricos poços petrolíferos, privatiza o transporte dos combustíveis e permite que o petróleo brasileiro vá ser refinado nos EUA, e que todos os derivados voltem com preços elevados corrigidos em dólar a todo momento, contribuindo para a carestia dos alimentos em geral.
Para permitir o saque das demais riquezas, desmonta os órgãos de fiscalização e entrega a Amazônia a sanha de garimpeiros, madeireiros e pecuaristas inescrupulosos que promovem desmatamentos recordes e incêndios indiscriminados, para transformar a floresta em pasto.
Porém seu maior crime está sendo na área da saúde, que devido ao negacionismo, seu posicionamento cruel contra as medidas de segurança, o protelamento e negociatas para compra de vacinas foram responsáveis por mais de 21 milhões de infectados e mais de 600 mil mortos vítimas da Covid 19.
Frustradas todas suas tentativas de dar um golpe, tornar-se ditador e poder mais facilmente realizar seu serviço sujo, Bolsonaro resolveu comprar o Centrão, composto pelos deputados chamados de BBB – bancadas da Bala, do Boi e da Bíblia – bloco que sempre fizera parte.
Para se livrar do Impeachment e se garantir no poder, conseguiu colocar na presidência da Câmara um aliado fiel e, juntamente com ele, criou um orçamento secreto de mais de 3 bilhões para distribuir emendas aos deputados do tal Centrão, para apoio agora e na reeleição de Bolsonaro.
A elite que chocou o ovo da serpente agora não sabe o que fazer com a situação que criou. Com medo de Bolsonaro e também de Lula, busca desesperadamente uma 3ª via.
A elite agora está a pagar preço alto pela sua campanha de desmoralização e criminalização da política que também matou seus candidatos. Agora não sabe como se livrar dos seus dois desafetos que lideram todas as pesquisas.
Lula com sua longa experiência estrategista, e talvez para matar de vez as iniciativas da elite para o pleito de 2022, parte para montar ele mesmo a 3ª via, chamando para seu vice um expoente da direita, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alkmin.
Bolsonaro, embora utilizando sem nenhum pudor as verbas públicas e a oferta de cargos, agora tem mais uma pedra no caminho, a candidatura Moro, aquele que foi o principal responsável para lhe garantir a vitória, colocando Lula no xadrez, mesmo sem provas cabais.
Esse parece ser o quadro que se configura para o próximo pleito, no entanto sujeito a mudanças, como dizia o velho Ulisses Guimarães, a política é como nuvem.