Reforço é aplicado em 1/3 dos municípios e metade vacina adolescentes

CNM lamenta que autoridades do governo federal façam pronunciamentos em que impõem a responsabilidade aos gestores locais de erros cometidos pelo próprio Poder Executivo Federal no enfrentamento da pandemia.

Manaus – Prefeitura vacina adolescentes entre 12 e 17 anos, neste sábado 14.08 Fotos: Camila Batista / Semsa

A pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) desta sexta-feira indica que quase um terço dos municípios já iniciou a aplicação da dose de reforço em idosos. O levantamento também destaca o andamento avançado da vacinação em jovens, traz informações da falta de imunizantes, atendimento aos pacientes pós-Covid e detalha os desafios dos gestores com o calendário escolar.

Das 2.063 cidades ouvidas na nova edição da pesquisa da CNM sobre a pandemia, 631 relataram ter começado a aplicar a dose de reforço em idosos, o equivalente a 30,6% da amostra.

Outras 1.360 prefeituras não informaram aplicação de doses de reforço, representando 65,6% dos municípios consultados. Entre os municípios que não imunizaram a população com terceira dose  1.053 (77,4%) disseram estar se organizando para começar, enquanto 239 (17,6%) não definiram data para a imunização.

Do conjunto de cidades consultadas, 1.118 (54,2%) vacinaram nesta semana pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos e 915 (44,4%) aplicaram imunizantes em jovens de 12 a 17 anos.

Adolescentes

O estudo teve início na segunda-feira (13) e terminou ontem (16), não registrando as repercussões da mudança de orientação do Ministério da Saúde sobre a vacinação de adolescentes sem comorbidades.

A maioria dos municípios vacina nesta semana pessoas entre 18 e 24 anos, contabilizando 54,2% dos respondentes. E pelo menos 915 municípios (44,4% dos pesquisados) afirmaram que já estão imunizando adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades.

Sobre o tema, que trouxe polêmica diante de nova orientação do Ministério da Saúde, a CNM reforça que a Nota Técnica 36/2021 da Secovid, de 2 de setembro, recomendou a “ampliação da oferta da vacinação contra a Covid-19 para a população de 12 a 17 anos sem comorbidades, com início a partir de 15 de setembro de 2021”.

A Confederação esclarece que, apesar da data estabelecida, o andamento da vacinação não ocorreu de forma equânime no país. Assim, muitos municípios terminaram de vacinar pessoas acima de 18 anos antes do dia 15, iniciando a vacinação de adolescentes de 12 a 17 com comorbidades. Nesses casos, ao cumprirem as recomendações do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 (PNO) e embasados na NT 36/2021, os municípios pactuaram em Comissão Intergestores Bipartite (CIB) a vacinação do restante da população prevista de adolescentes de 12 a 17 anos (sem comorbidades).

Diante disso, a CNM lamenta que, repetidamente, autoridades do governo federal façam pronunciamentos em que impõem a responsabilidade aos gestores locais de erros cometidos pelo próprio Poder Executivo Federal no enfrentamento da pandemia.

Entre as administrações municipais 477 disseram ter ficado sem vacina contra a covid-19 nesta semana, o equivalente a 23,1%. Outras 1.503 (72,9%) não informaram ter passado pelo desabastecimento de imunizantes, enquanto 83 (4%) não responderam à pergunta.

A variante Delta foi identificada em 250 cidades, representando 12,1% da amostra. Outras 1.732 (84%) não relataram a presença desa varianta ste tipo do novo coronavírus nos casos registrados de pessoas infectadas.

Casos e mortes

Conforme o estudo, em 577 municípios (28%) houve redução do número de casos de covid-19, em 528 (25,6%) não foram registrados novos casos, em 580 (28,1%) os casos se mantiveram estáveis e em 319 (15,5%) ocorreu aumento.

O levantamento também registrou ocorrência de mortes por covid-19. Em 1.441 (69,8%) não foram identificados novos óbitos, em 252 (12,2%) a situação se manteve estável, em 193 (9,4%) houve queda e em 116 (5,6%) foi detectado aumento das vidas perdidas.

Distanciamento

Sobre a manutenção de medidas de distanciamento social, 889 (43,1%) das cidades mantêm iniciativas de restrição de horário das atividades não essenciais. Outras 1.093 (53%) responderam não ter lançado mão deste recurso durante a pandemia.

O atendimento a pacientes com sequelas decorrentes da Covid-19 tem sido prestado por 79,8% dos Municípios. Dentre os serviços mais ofertados estão: fisioterapia; atendimento em saúde mental; transporte municipal para tratamento fora do domicílio; exames de imagem; serviços em cardiologia; serviços em pneumologia; e serviços em nefrologia.

Outro desafio dos gestores municipais no enfrentamento da pandemia diz respeito ao calendário escolar. Segundo 50,2% dos gestores, o ano letivo tem sido prejudicado em decorrência do cenário atual. Outros 42,2% afirmaram que não e 7,6% não responderam. Apesar disso, a maioria dos respondentes (57,2%) apontou que o ano letivo de 2021 deverá ser encerrado até o dia 31 de dezembro. Já 22,4% não têm previsão.

Autor