Líder de Bolsonaro será um dos primeiros a depor na CPI em agosto
O líder do governo teria sido citado pelo próprio presidente como responsável pelo “rolo” nas negociações das vacinas no Ministério da Saúde durante encontro com os irmãos Miranda
Publicado 16/07/2021 10:48
O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), é um dos nomes prioritários para ser ouvido no retorno das oitivas da comissão programadas para o dia 3 de agosto. Barros é apontado como responsável pela indicação de Roberto Dias para direção de Logística do Ministério da Saúde. Dias foi exonerado no dia 30 de junho após denúncias de pedido de propina de U$ 1 por dose da vacina AstraZeneca numa oferta de 400 milhões de doses pela empresa norte-americana Davati.
Nesta quinta-feira (15), o representante informal da empresa no Brasil, Cristiano Carvalho, confirmou o pedido de propina mencionado a ele pelo cabo da PM Luiz Dominguetti, quem representou a empresa no encontro com o ex-diretor e o tenente-coronel Marcelos Blanco no restaurante, em Brasília, no dia 25 de fevereiro.
O líder do governo teria sido citado pelo próprio presidente como responsável pelo “rolo” nas negociações das vacinas no Ministério da Saúde durante encontro com o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luis Ricardo Miranda, que fizeram as denúncias de corrupção envolvendo o contrato da compra da vacina indiana Covaxin. Os irmãos Miranda se encontraram com Bolsonaro no dia 20 de março, no Palácio do Alvorada.
As audiências devem ser retomadas no dia 3 de agosto. Randolfe citou outro nome como prioritário: Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, que estava previsto para depor na quarta-feira (14), mas foi adiado por falta de tempo hábil.
Maximiano fechou o contrato de R$ 1,6 bilhão para vender 20 milhões de doses da Covaxin. Há indícios fortes de superfaturamento e corrupção passiva e ativa na compra do imunizante.
Randolfe considerou setembro um prazo “razoável” para a apresentação do relatório final da comissão, mas ressalvou que ainda é preciso avaliar o tempo necessário. Numa coletiva a jornalista, ele respondeu também sobre post publicado por Bolsonaro em rede social, com adjetivos depreciativos a membros da CPI: “Eu quero dizer a Sua Excelência. Eu não me importo com o adjetivo. Eu me importaria de ser chamado de ser corrupto e miliciano”, disse o senador, referindo-se ao nome Saltitante usado pelo presidente quando se refere a ele.
Trabalhos prosseguem
A representante da bancada feminina na CPI, senador Eliziane Gama (Cidadania-MA) previu que o período de recesso será produtivo: “Durante esses 15 dias nós vamos nos debruçar sobre os vários documentos que nós já temos e outros que serão solicitados, dentre eles alguns contratos que possivelmente também foram fechados, de intermediários da Davati.”
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou não acreditar que o governo possa aproveitar o recesso para tentar mudar o rumo da CPI: “Eu não vejo como o governo possa se blindar. Também não vejo a possibilidade de os partidos mudarem os seus representantes. Acho que isso está muito consolidado, e os trabalhos vão continuar no segundo semestre com a mesma energia com que vieram até aqui.”
Com informações da Agência Senado