TCU aciona PF para investigar auditor do relatório falso usado por Bolsonaro
O pedido foi formulado pela presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministra Ana Arraes, para abertura de inquérito contra o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, que tem ligação com a família do presidente
Publicado 16/06/2021 09:08 | Editado 16/06/2021 09:19
A presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministra Ana Arraes, enviou ofício à Polícia Federal (PF) formalizando pedido de abertura de inquérito contra o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, suspeito de envolvimento na elaboração de um documento, inserido no sistema do órgão no último dia 6, que distorcia os dados do número de mortos pela Covid-19 no Brasil, apontando “supernotificação” de mortes por Covid-19 no país.
O documento não oficial inserido no sistema do TCU foi citado no último dia 7 pelo presidente Jair Bolsonaro para comprovar sua tese de que cerca de metade dos óbitos registrados como Covid-19 não seria causado pela doença. O tribunal o desmentiu no mesmo dia.
A decisão da ministra acolheu pedido do corregedor da corte, o ministro Bruno Dantas, que além de solicitar a instauração de inquérito, havia solicitado o afastamento do servidor do cargo. Esse pedido, por sua vez, já foi acatado pela ministra, que impediu que o servidor acesse o tribunal.
Dantas ressaltou que a divulgação de informações oficiais do tribunal de maneira não autorizada representaria infração disciplinar. “Ainda mais grave, e isso precisará ser melhor apurado, é a manipulação da atividade fiscalizatória do TCU em razão de sentimento pessoal ou orientação política ou ideológica”, ponderou o ministro.
Segundo informações do jornal “O Estado de S. Paulo”, Dantas sugeriu que a Polícia Federal investigue se houve crime de prevaricação, que diz respeito a atos contra a administração pública visando interesse pessoal.
Marques é auditor do TCU desde 2008 e é próximo aos três filhos de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Em 2019, chegou a ser indicado a comandar a diretoria de compliance do BNDES.
Fonte: Conjur