Consequências políticas do acidente de metrô no México atingem sucessão de 2024

A raiva pública se voltou contra a prefeita Claudia Sheinbaum, e o ex-prefeito e atual ministro das Relações Exteriores do México. Ambos disputam a indicação do partido para a sucessão de Obrador em 2024.

A prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, de centro-esquerda.

Duas das mais brilhantes estrelas políticas do México estão sob os holofotes com a queda do metrô na Cidade do México, que deixou 20 mortos e dezenas de feridos, nesta terça. Ambos são do partido do presidente Andrés Manuel López Obrador (Morena) e disputam a sucessão do presidente em 2024.

A fúria pública se voltou contra a prefeita da cidade, Claudia Sheinbaum, e um ex-prefeito que agora é o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard.

“Absolutamente nada será escondido”, disse López Obrador em uma entrevista coletiva de manhã. “O povo do México deve saber toda a verdade.”

No entanto, mesmo enquanto o presidente falava, as consequências políticas foram evidentes durante a entrevista. Tanto Sheinbaum quanto Ebrard enfrentaram duros questionamentos: ela pela possível omissão em detectar falhas que levaram ao acidente mortal, e ele por supervisionar a construção de uma linha de metrô atormentada por acusações de má gestão e corrupção.

Publicamente, pelo menos, todos apresentaram uma frente unida. “Estamos de acordo em chegar ao fundo disso e trabalhar juntos para descobrir a verdade e saber o que causou este incidente”, disse Sheinbaum, que evitou culpar qualquer figura do governo pelo acidente.

Ebrard, questionado se temia ser considerado o responsável pelo trágico acidente, negou qualquer irregularidade e disse que cooperaria com a investigação. “Se você não tem nada a esconder, não tem nada a temer”, disse ele. “Como qualquer outra pessoa, estou sujeito a tudo o que as autoridades determinam, mas ainda mais como funcionário de alto nível, como alguém que promoveu a construção da linha.”

Ebrard foi prefeito da Cidade do México de 2006 a 2012, e a linha do metrô, conhecida como Linha Dourada, foi um dos projetos marcantes de sua gestão.

Em outra entrevista, mais tarde, Sheinbaum informou que “para garantir transparência e objetividade”, uma empresa norueguesa que não está envolvida na operação do sistema conduziria uma análise detalhada de engenharia do colapso.

O acidente ocorreu um mês antes das eleições legislativas que o partido do governo deverá dominar. López Obrador – também ex-prefeito da capital – tem um alto índice de aprovação em todo o país, mas é menos popular na Cidade do México.

Obrador, que fez campanha para melhorar a infraestrutura do México, liderou projetos ambiciosos de transporte público desde que assumiu o cargo em 2018, incluindo quase 1.600 quilômetros de ferrovias que cruzam o México. Ele procurou criar um legado por meio de vários projetos de referência.

O presidente tem sido criticado por interromper uma obra de aeroporto que já havia consumido bilhões e permanecia inacabada, para começar outro aeroporto em outro local. Também é criticado pelas obras de mobilidade, enquanto problemas de infraestrutura hídrica são consideradas mais emergenciais no país cada vez mais afetado por secas.

Com informações do New York Times.

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