Ex-presidente da Bolívia Jeanine Áñez é presa por atuação no golpe de 2019
A ex-senadora é acusada pelos crimes de terrorismo, conspiração e sedição devido aos eventos que levaram à saída de Evo Morales
Publicado 13/03/2021 17:20 | Editado 13/03/2021 17:37
A ex-presidente autoproclamada da Bolívia Jeanine Áñez foi presa na madrugada deste sábado (13) por seu envolvimento no golpe de Estado que forçou a renúncia do ex-mandatário Evo Morales, em novembro de 2019.
Áñez é acusada pelos crimes de terrorismo, conspiração e sedição devido aos eventos que levaram à saída de Evo. A ex-senadora de direita se autoproclamou presidente após o golpe, ordenou a repressão contra movimentos sociais e tentou adiar as eleições presidenciais em três ocasiões.
A informação foi divulgada pelo ministro do Interior, Eduardo del Castillo. “Informo ao povo boliviano que a senhora Jeanine Áñez já foi presa e, nesse momento, se encontra nas mãos da polícia”, disse.
Na manhã deste sábado, as autoridades bolivianas confirmaram que a ex-presidente foi levada de Trinidad, cidade onde reside e onde foi detida, para a capital La Paz em um avião da Força Aérea.
O pedido de prisão de Áñez havia sido emitido nesta sexta-feira (12), quando o MP entendeu que havia risco de “fuga ou obstrução”.
Além da ex-mandatária, os ex-ministros de seu governo Yerko Núñez, Arturo Murillo, Álvaro Coímbra, Luis Fernando López e Rodrigo Guzmán também foram alvos de pedidos de prisão. Coímbra, ex-ministro da Justiça, e Guzmán, ex-ministro de Energia, foram detidos nesta sexta-feira.
O paradeiro de Núñez, Murillo e López segue desconhecido. Em novembro do ano passado, o comandante da Polícia da Bolívia, Johnny Aguilera, chegou a confirmar a fuga dos ex-ministros do país, dizendo que Murillo estaria no Panamá e López estaria no Brasil.
Na quinta-feira (11), um mandado de prisão também foi emitido contra o ex-chefe das Forças Armadas Williams Kaliman. A decisão veio um dia após o pedido de prisão de Yuri Calderón, antigo comandante da polícia durante os movimentos golpistas contra Evo Morales.
O ex-comandante das Forças Armadas Sergio Orellana também foi alvo de um mandado de prisão por não comparecer a depor em uma audiência do MP. Orellana deixou o país no final de 2020 com destino à Colômbia, segundo jornal boliviano La Razón.
Até o momento, já existem quatro ex-chefes de polícia e militares com mandados de prisão por envolvimento com o golpe.
O processo que atinge as lideranças do governo golpista que se instaurou após novembro de 2019 foi aberto em novembro de 2020 pela ex-deputada Lídia Patty, do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales e do atual presidente boliviano, Luis Arce, e tem como principais réus o político de extrema direita Luís Fernando Camacho e seu pai, José Luís Camacho, pelo envolvimento de ambos no golpe de 2019. Ainda não há ordem de prisão contra eles.
Golpe de Estado na Bolívia
Em novembro de 2019, mobilizações golpistas de extrema direita forçaram a renúncia do então presidente Evo Morales. O ex-mandatário teve que deixar o país e se asilou no México, depois na Argentina.
Durante o governo de Jeanine Áñez, foram registradas prisões arbitrárias de pelo menos 1.534 pessoas. Além disso, movimentos contra o governo golpista foram alvo de forte repressão policial que, muitas vezes, resultou em massacres, como os que ocorreram nas regiões de Senkata e Sacaba.
Fonte: Opera Mundi