Mais de 20 organizações cristãs denunciam à ONU descaso na pandemia

Entidades manifestam apoio ao impeachment de Jair Bolsonaro e citam estudo segundo o qual governo trabalhou para disseminação do vírus.

Manifesto dá destaque à região amazônica, que vive colapso – Fotos: Caio de Biasi/MS

Em manifesto entregue à Organização das Nações Unidas (ONU), 22 organizações cristãs denunciam a omissão do poder público no Brasil em meio ao cenário de caos na saúde causado pela pandemia do novo coronavírus, além do aprofundamento das desigualdades sociais. Elas também manifestam apoio aos mais de 60 pedidos impeachment de Jair Bolsonaro, em particular pelos crimes de responsabilidade com respeito às políticas de saúde pública durante a pandemia.

Entre as entidades que assinam o documento estão o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e uma comissão da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A denúncia dá destaque à região amazônica, que vive um momento de colapso do sistema de saúde devido à explosão de casos de Covid-19. Em cidades como Manaus, o oxigênio disponível não é suficiente para a demanda de hospitais. Para as organizações, não há transparência nem confiança nas decisões tomadas pelas representações políticas em contenção da Covid-19.

Por isso, afirmam, é necessária a denúncia e atuação de atores internacionais na região, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos (CNUDH), entre outros mecanismos de direitos humanos das Nações Unidas. O documento foi encaminhado na última sexta-feira (29).

A carta destaca também a questão econômica, afirmando que a emergência de hoje deriva de escolhas políticas de ontem. “A Lei de Teto de Gastos, por exemplo, dificulta o investimento público e contribui para o aumento das desigualdades com a privatização de serviços essenciais para o desenvolvimento econômico, como o saneamento básico, educação e saúde. As populações mais afetadas por esta opção política são as pessoas negras e indígenas, fortalecendo assim o racismo estrutural de nossa sociedade”, dizem as entidades.

Cita, ainda, um estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP e da Conectas Direitos Humanos indicando que as mortes pela Covid-19 no país não resultariam só de incompetência, falta de condições econômicas e estrutura pública de saúde. Segundo a pesquisa, a União teria se empenhado pela disseminação do vírus em território nacional sob o argumento da retomada da atividade econômica a qualquer custo.

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