Os contratempos da eleição: abstenções, urnas trocadas e prisões
Foram 713 urnas com defeito, 296 ocorrências policiais e 667 mil justificativas eletrônicas (mais de 17%). TSE e Ministério da Justiça consideraram tranquila a votação.
Publicado 29/11/2020 19:55
Diferente do primeiro turno, em que, pela primeira vez, desde a implementação das urnas eletrônicas, houve um atraso fora do comum na apuração, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou o votação do segundo turno tranquila. Aparentemente, não houve ocorrências muito alarmantes, nem ataques ao sistema eletrônico.
O TSE informou que 713 urnas eletrônicas apresentaram defeito e foram substituídas durante o horário da votação. O número corresponde a 0,49% do contingente de 97.024 equipamentos que estão sendo utilizados em todo o país.
O estado que registrou maior número de urnas trocadas foi São Paulo, com 212 unidades. No Rio de Janeiro houve 207 urnas substituídas.
Segundo o tribunal, devido ao defeito apresentado em uma urna, a votação ocorreu de forma manual em uma seção eleitoral de São Paulo.
Fake news e desinformação
O balanço do Ministério da Justiça e Segurança Pública registra que, até as 17h, logo após o encerramento da votação, neste domingo de eleições, 296 ocorrências foram registradas e 64 prisões ou conduções foram realizadas.
Além das prisões, cinco inquéritos já foram instaurados e 28 termos circunstanciados foram lavrados. Segundo a pasta, uma arma e seis veículos foram apreendidos até o momento, além de R$ 16,3 mil e diversos materiais de campanha.
Dos 231 crimes eleitorais registrados até o momento, 72 foram por boca de urna; 10 por compra de votos; cinco por concentração de eleitores; 97 por desobediência às ordens da Justiça Eleitoral; 40 por desordem que prejudique os trabalhos eleitorais; um por falsidade ideológica; um por “fatos e imputações inverídicas” (fake news); quatro por impedimento ou embaraço ao exercício do voto; e um por transporte de eleitores.
Há também 42 ocorrências de indicações de desinformação sobre o processo eleitoral. Entre os 14 incidentes de segurança pública e defesa social, cinco foram por bloqueio de vias; quatro por atendimentos de urgência e emergência; dois por falta de energia; e dois por manifestações.
A Operação Eleições 2020 conta com efetivo de 96.879 agentes e o apoio de 14.556 viaturas.
17% de justificativas
Cerca de 38 milhões de pessoas estavam aptas a participar do pleito. Em 57 municípios do país, sendo 18 capitais e 39 municípios com mais de 200 mil eleitores, nenhum dos candidatos a prefeito atingiu a maioria absoluta dos votos para ser eleito no primeiro turno, realizado em 15 de novembro.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que 667.714 eleitores justificaram ausência na votação do segundo turno por meio do aplicativo e-Título. De acordo com o tribunal, o aplicativo “funcionou adequadamente e sem instabilidade”.
O TSE também informou que o eleitor que não compareceu às seções eleitorais tem até 60 dias para realizar o procedimento de justificativa pelo aplicativo, site da Justiça Eleitoral ou presencialmente no cartório eleitoral de sua região. A partir de amanhã (30), o serviço estará disponível. O procedimento é necessário porque o voto é obrigatório para a maioria da população.
No primeiro turno, devido ao grande número de acessos simultâneos, eleitores tiveram dificuldade para realizar o processo de justificativa pelo e-Título. Na ocasião, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, disse que o problema foi causado por downloads “de última hora”. Segundo o TSE, cerca de 16 milhões de eleitores estão cadastrados no e-Título.
Para evitar o congestionamento neste segundo turno, somente poderiam usar o aplicativo os eleitores que baixaram o programa até as 23h59 de sábado (28).
Forças Armadas
As Forças Armadas atuaram em 40 localidades de cinco estados. Os militares ajudaram em ações de logística e deslocamento e também auxiliaram na segurança da votação e apuração.
No total, 5.157 militares atuaram no segundo turno nos estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro.
São atendidas duas localidades em Rio Branco (AC), 13 em Manaus (AM), cinco em São Luís (MA), 17 em Fortaleza e três em Caucaia, ambas no Ceará. Nessas localidades, o militares ajudarão em ações de garantia da votação e apuração. Já no Rio de Janeiro, os militares atuam em Paquetá, em ações de apoio logístico.
De acordo com o Ministério da Defesa, no primeiro turno das eleições, as Forças Armadas transportaram mais de 720 pessoas e 23 mil quilos de material, entre urnas eletrônicas e outros itens para a Justiça Eleitoral.