Dirigente LGBTI+ recebe ameaças após denunciar ataque nazista à live
Após denúncia de invasão cracker a um seminário LGBTQI+, o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, de Curitiba, passou a receber encomendas de entregadores de aplicativo não solicitadas, mas assumidas pelos crackers invasores.
Publicado 19/10/2020 19:59
Reis voltou à polícia e afirma não estar intimidado, devido à outras experiências que terminam com a prisão dos envolvidos.
Na última quinta-feira (15), um seminário online promovido pela Aliança Nacional LGBTI+ sobre o tema ‘Diálogos para enfrentar as desinformações, notícias falsas e discurso de ódio nas eleições municipais’, foi invadido por um grupo de indivíduos identificados como “B… do J…” com perfis com suásticas, marchas e saudações nazistas e queimando a bandeira LGBTI+. Os invasores também usavam nomes femininos.
Em seguida, foi registrado Boletim de Ocorrência na Polícia Civil em Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, o que também foi divulgado nas mídias sociais. Providências também foram solicitadas à Polícia Federal e ao Ministério Público.
Na madrugada de domingo (18), entre 3h30 e 4h30, houve três tentativas seguidas de entrega de alimentos na residência de Toni Reis, em Curitiba, embora ele não tivesse feito os pedidos.
Por volta do meio-dia no mesmo domingo, chegou à sua residência um quarto pedido não solicitado. Desta vez o entregador ligou para Reis e disse “a senha é J…” (igual ao nome do grupo de invasores). Reis pediu o número do telefone do restaurante que enviou a comida e falou com a gerente. Esta informou que os pedidos estavam sendo feitos pela internet e que o último pedido (com o nome e endereço completos de Reis e o número do seu celular) veio acompanhado de uma instrução: “Eu estou sendo ameaçado de morte, para eu ter certeza que é o entregador, bata na porta 3 vezes e fale a senha ‘J…’”.
Por volta das 17 horas, a gerente do restaurante avisou Reis de que houve mais um pedido. À noite, Reis recebeu um email com a mesma identificação (J…), com a pergunta: “Você gosta mais de whisky ou pizza?”
Na segunda-feira (19), registrou novamente Boletim de Ocorrência no Núcleo de Combate aos Cibercrimes da Polícia Civil em Curitiba, em relação aos acontecimentos do domingo.
Reis afirmou não estar intimidado pelas ameças, devido à experiência anterior que começou em 2012 e durou quase três anos. “Com o trabalho integrado da Polícia Federal e da Polícia Civil, o perpetrador foi identificado e já foi condenado na justiça”.
Ele ainda disse que está empregando os protocolos de segurança recomendados nas residências, na organização e nas mídias sociais. Aos responsáveis pelos restaurantes, sugeriu que confirmem os pedidos primeiro, antes de preparar e entregar a encomenda. “Seria importante também fazer o registro do IP de onde estão sendo feitos os pedidos. Vamos continuar nosso trabalho de promoção e defesa dos direitos humanos da população LGBTI+, agora com ainda mais afinco.”
O Seminário ‘Diálogos para enfrentar as desinformações, notícias falsas e discurso de ódio nas eleições municipais’, que foi interrompido pela invasão, vai ser transmitido novamente no Facebook da Aliança Nacional LGBTI+, do Grupo Arco Íris, do Grupo Dignidade e da Associação da Parada LGBT de São Paulo, e também no canal do Youtube da Aliança Nacional LGBTI+ e da Associação da Parada LGBT de São Paulo.