Ex-ministra diz que programa habitacional de Bolsonaro é “fake news”
No Casa Verde e Amarela não há sequer uma meta relativa à população cuja faixa de renda é de até R$ 1.800, a faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, que tem sido esvaziado no atual governo e será extinto
Publicado 30/08/2020 11:25 | Editado 30/08/2020 13:00
O programa Casa Verde e Amarela, anunciado pelo governo na terça-feira (25), em substituição ao Minha Casa Minha Vida, está longe de garantir o combate ao principal problema do déficit habitacional brasileiro (cerca de 8 milhões de moradias): atender as famílias de menor renda, que não têm capacidade sequer para conseguir financiamento. “O déficit vai ficar do mesmo tamanho. Ou até aumentar, em função da crise econômica”, na opinião da ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior, titular da pasta no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Ela ironiza o programa anunciado por Bolsonaro classificando-o como “nova modalidade de programa: o programa fake de habitação”. Para explicar sua avaliação do programa de habitação, a ex-ministra comenta sobre “o palco” montado pelo governo para o anúncio na terça-feira. “Quem fala na cerimônia é o presidente da Febraban (Isaac Sidney). O setor da construção civil não estava nem no palco e nem falou. Quem é chamado a falar é o setor financeiro. Por isso é um programa fake”, explicou.
No Casa Verde e Amarela não há sequer uma meta relativa à população cuja faixa de renda é de até R$ 1.800, a faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, que tem sido esvaziado no atual governo e será extinto. “Não dá para falar que isso é um programa habitacional”, diz a ex-ministra.
Finanças
Não à toa, o mercado financeiro, com a palavra de Sidney, não só teve voz na cerimônia de lançamento do Casa Verde e Amarela como demonstrou um otimismo irreal diante da crise econômica e sanitária do país. “Estamos num cenário alvissareiro”, afirmou o presidente da Febraban. “Enxergamos sinais melhores de retomada da economia, aumento na confiança dos empresários e consumidores”, destacou.
Sobre o Bolsa Família, que o governo também pretende extinguir para dar lugar ao “Renda Brasil”, a ideia do ministro da Economia, Paulo Guedes, é acabar com outros programas (Farmácia Popular, abono salarial), já que a limitação do teto de gastos não permite outra solução.
Mas não se sabe nem mesmo se Guedes continuará no governo. Bolsonaro o colocou de escanteio no lançamento do programa habitacional. Há um embate no governo, entre Guedes, para quem o teto de gastos é uma questão de honra, e os que defendem – inclusive de olho nas eleições de 2022 – que esse teto deve ser “furado”.
Fonte: PT no Senado