O orgulho de ser LGBT nos trouxe até aqui
O Dia Mundial do Orgulho LGBT+, 28 de junho, nasceu da Revolta de Stonewall, em Nova Iorque, há 51 anos. Depois de muitas lutas, nós mulheres e homens, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais, não-bináries e todas as identidades, sexualidades e afetividades continuamos reafirmando que há muitas razões para continuar comemorando as conquistas e mantendo o orgulho de ser o que somos.
Publicado 27/06/2020 23:32 | Editado 28/06/2020 14:36
“Ser oprimido significa a ausência de escolhas” Bel Hooks
Pouca gente sabe, mas muito já tem se falado sobre a origem do Dia Mundial do Orgulho LGBT+, em 28 de junho de 1969 — há exatos 51 anos — em um bar da cidade de Nova Iorque chamado Stonewall Inn. Vítimas da perseguição policial e de constantes abordagens violentas, as frequentadoras e os frequentadores do bar, importante lembrar o papel de Marsha P. Johnson e Silvia Rivera, reagiram coletivamente, cansadas e cansados de terem suas formas de ser e de expressar censuradas. A Revolta de Stonewall, como ficou conhecida, é um marco significativo da resistência de ser LGBT+ pelo mundo, e permanece atemporal, pois continuam tentando nos censurar e silenciar as nossas vozes. Enquanto isso, nós continuamos nos rebelando.
Nessa caminhada de resistência, o movimento social LGBT+ brasileiro tem colhido frutos de lutas que se arrastaram por décadas. Entre nossas maiores conquistas, podemos citar o direito à previdência, o reconhecimento das famílias trans-homoafetivas, a criminalização da lgbtfobia e muitas outras decisões judiciais que reafirmam a constituição federal, nos assegurando muitos direitos como a saúde, o trabalho e a educação. Importante lembrar também outras conquistas importantes, como a inclusão das identidades travestis e transexuais nos títulos eleitorais, permitindo que essas pessoas se candidatem com o gênero pelo qual se identificam, desde 2018, a ocupação de mandatos de deputadas estaduais travestis, em 2019, e a eliminação do estigma de pessoas LGBT+ dos “grupos de risco”, em 2020.
Mas ainda há muita luta pela frente! No bojo das crises política, econômica, social e sanitária que o Brasil atravessa, cujas consequências contribuem para aumentar as desigualdades, e acentuar as vulnerabilidades, sobretudo para as populações que já se encontram em situação de fragilidade, urge ocuparmos todos os espaços, a fim de reverter este cenário. Na Câmara das Deputadas e dos Deputados, de 513 deputadas e deputados federais, apenas um é assumidamente gay e defensor das pautas LGBT+. No Senado Federal, de 81 senadoras e senadores, também temos apenas um assumidamente gay e defensor das pautas LGBT+. Com uma representação de quantidade mínima, torna-se quase uma obrigação ocupar a política.
Eleições Municipais
Mesmo diante da pandemia do novo coronavírus, as eleições municipais de 2020 serão realizadas em novembro deste ano. A eleição de vereadoras, vereadores, prefeitas e prefeitos é uma grande oportunidade de mostrar que nós não debatemos apenas as nossas pautas específicas, mas que debatemos também a cidade e as suas necessidades de Educação, de Saúde, de Segurança Pública, de Infraestrutura e de Desenvolvimento.
Nosso sonho é derrubar o patriarcado, hoje representando pelo bolsonarismo
Mais uma vez seremos fortes no posicionamento em defesa dos direitos humanos e da importância que as instituições democráticas têm no enfrentamento à discriminação de gênero e orientação sexual. Precisamos nos unir e nos fortalecer para derrotarmos os conservadorismos e fascismos presentes nos discursos de ódio que vêm sendo espalhados pelos grupos fundamentalistas da religião e da política.
Queremos conclamar à unidade do povo brasileiro, nos seus diversos setores, à defesa da democracia, da soberania e dos direitos constitucionais, integrando outros direitos fundamentais à sociedade, como a liberdade de ser e amar.
Não nos esqueçamos de que o maior orgulho de sermos LGBTI+ é que somos o que somos, levantamos as bandeiras da justiça social e da igualdade de oportunidades, e acreditamos que a luta pela transformação da sociedade passa pela construção das liberdades individuais e coletivas e, principalmente, pela valorização da diversidade.
Não haverá dias cinzentos para quem sonha colorido!
“No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover contra a dominação, contra a opressão. Começamos a nos mover em direção a liberdade, a agir de formas que libertem a nós e aos outros.” Bel Hooks