Autoritários não gostam do pensamento crítico

O governo Bolsonaro é contra a formação do pensamento crítico brasileiro. O Ministro da Educação deseja reduzir investimentos aos cursos de filosofia e sociologia, e o Presidente já endossou em seu twitter “a função do Governo é ensinar os jovens a ler, escrever e fazer conta”, ou seja, priorizando uma formação de mão de obra para as necessidades do mercado, sem dar capacidade a essa sociedade de refletir as condições políticas e sociais as quais estão submetidas.

Essa decisão afeta frontalmente os cursos de Ciências Humanas oferecidos pelas Universidades Federais, aonde estão o maior contingente de alunos de baixa renda que buscam o acesso à formação superior, sendo eles indispensáveis para a construção das bases do pensamento crítico, da reflexão e da capacidade de decidir sobre os próprios destinos da sociedade, inclusive valorizando a democracia e a política como o centro das decisões e da resolução dos conflitos sociais.

A paranóia delirante da extrema-direita, para quem esses cursos seriam foco de um inexistente “marxismo cultural”, que seus professores seriam militantes revolucionários e estariam doutrinando os seus alunos para a revolução comunista, passa longe da realidade do ensino público brasileiro.

Um reflexo da sanha autoritária são movimentos como o “Escola sem Partido”, patrulhas ideológicas que veem surgindo no Brasil, com objetivo de perseguir e constranger professores, alunos, e profissionais da educação cujo pensamento seja diferente do pensamento único fascista “Deus acima de tudo”. Estes movimentos porém não se preocupam com soluções efetivas para a política pública de educação, como a falta de recursos para manutenção das escolas e universidades, condições melhores de trabalho para os servidores, valorização dos salários e investimentos públicos que garantam a educação efetivamente como um direito para todos conforme definida pela Constituição de 1988.

Essa perseguição contra a educação e a intelectualidade, lembra o Marcathismo norte-americano, perseguição de grupos paramilitares e do Estado do EUA – influenciados pelo anticomunismo e patrocinado pelo Senador Joseph McCarthy – a professores, artistas, funcionários públicos, e sindicalistas com a justificativa de estarem conspirando junto ao regime da União Soviética durante o período da Guerra Fria.

As acusações eram baseadas em pouca ou nenhuma evidência conclusiva do envolvimento dos perseguidos com conspirações ou alinhamento ao Partido Comunista Soviético, servindo unicamente a retórica política demagógica e censura a adversários políticos. O resultado foi a destruição de carreiras e reputações, perda de empregos, e até mesmo prisões que foram depois revogadas e declaradas inconstitucionais.

Este é mais um, entre outros tantos sinais do avanço do autoritarismo por dentro das instituições do Estado brasileiro. Não precisa ser muito esperto para saber que Bolsonaro não tem apreço pela democracia, um aventureiro de retórica neofascista não escondeu hora alguma em seus discursos as suas pretensões. O que todos apostam é na possível consolidação das instituições democráticas para conter a sua ambição autocrata, e na crença da efetividade dos freios e contra pesos do desenho institucional, enquanto a crise das instituições se intensifica patrocinada muitas vezes pelo próprio poder Executivo, em um esforço de aprofundar a polarização na sociedade em direção à ruptura.

O Ministro da Educação Abraham Weintraub é o personagem que simboliza a cruzada obscurantista no MEC contra o pensamento crítico e às Ciências Humanas. Olavista de carteirinha, o Ministro ludibria o imaginário social em sua guerra cultural, com seus ataques mentirosos contra as Universidades Federais, disseminando teorias da conspiração e propaganda anticomunista, além de legitimar o uso da violência pelo bolsonarismo quando apoia publicamente atos de repressão policial à estudantes e suas entidades representativas como a UNE, que lutam contra o desmonte da educação pública e das ciências.

Em tempos que aparecem afirmações como “a Terra é plana”, “Nazismo é de esquerda”, e “aquecimento global é um plano marxista dos globalistas” em discursos de atores políticos no centro do poder no Brasil, se faz cada vez mais necessário compreender a importância da área de conhecimento sobre o pensamento humano e sobre o comportamento social, para que os autoritários do passado não tenham espaços em sociedades que se pretendem ser democráticas.
Dia 13 de agosto é dia de ir às ruas novamente!

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