Alexandre Lucas: Centro Cultural Banco do Nordeste é desenvolvimento
Publicado 02/07/2019 13:45 | Editado 04/03/2020 16:22
O país vivencia uma orquestra de desmonte da política pública para a cultura: a extinção do Ministério da Cultura e a escalada de distanciamento das estruturas de governo dos segmentos da cultura se apresentam como a roupagem, carne e alma da atual política pública para a cultura do Governo Federal, que desconsidera os marcos legais, as lutas e o acúmulo de experiências conquistados nas últimas décadas. Parte destes avanços foi replicado nas ações desenvolvidas pelos Centros Culturais do Banco do Nordeste – CCBNB, nas cidades de Juazeiro do Norte e Fortaleza, no Ceará, e em Sousa, na Paraíba.
Os Centros Culturais do Banco do Nordeste são importantes instrumentos para o processo de democratização estética, artística e literária. Essa acessibilidade possibilita ampliar o repertório e a descoberta da diversidade e pluralidade da produção humana nas várias linguagens artísticas dentro de uma dimensão local e global. O CCBNB são escolas de alfabetização do simbólico e de cidadania, de instigamento da criatividade, da afetividade, de descoberta e reflexão da realidade.
Os Centros Culturais também cumprem um papel de aproximar pessoas e potencializar iniciativas, de promover o intercâmbio e dar visibilidade aos pensares e fazeres contemporâneos, acadêmicos e populares.
A formação de plateia joga papel fundamental nos Centros Culturais e possibilita que os circuitos das artes sejam fortalecidos e ganhem elasticidade, bem como estende o acesso às camadas populares, excluídas economicamente e, por conseguinte, ficam à margem da circulação da diversidade simbólica da humanidade.
Os Centros Culturais potencializam a cadeia da Economia da Cultura, além dos produtores e artistas que recebem cachês pelos seus trabalhos. Um grande número de segmentos se beneficia: os serviços de transporte e hotelaria, comércio local e profissionais de várias áreas como carpinteiros, costureiras, eletricistas, designer, jornalistas, pintores, etc. A Economia da Cultura gera renda e emprego, movimenta, portanto, o desenvolvimento local e é um investimento que combate a cultura do ódio e da violência.
Pegando como recorte, o exemplo do Centro Cultural do Banco do Nordeste, em Juazeiro do Norte (CE), vamos ter um demonstrativo da importância da manutenção e ampliação destes equipamentos como vetores de desenvolvimento humano e econômico. A cada ano no CCBNB de Juazeiro do Norte são realizadas cerca 48 contações de histórias, 48 apresentações teatrais 48 shows musicais, 24 oficinas de formação artística infantis, 24 oficinas de formação artística para jovens e adultos, 144 exibições cinematográficas, 24 apresentações dos grupos da tradição popular, 12 atividades no campo da literatura, 18 exposições, além de parcerias com instituições públicas e da sociedade civil. Totaliza, aproximadamente, 400 atividades artísticas e literárias durante o ano. Envolve, diretamente, mais de 2.000 pessoas com pagamento e rateamento de cachês. A ação do CCBNB se estende para além do Juazeiro do Norte e tece sua teia nas cidades Crato, Caririaçu, Nova Olinda, Barbalha, Missão Velha e Brejo Santo.
O setor financeiro, apresenta sempre dados que não maculam prejuízos, pela sua característica de acumulação do capital, que não passa pelo setor produtivo, o Banco do Nordeste, se enquadra neste perfil, mas do que isso, deve ter um braço fincado no desenvolvimento dos territórios do Nordeste. O ataque ao funcionamento com o anúncio de cortes aos CCBNB é preocupante e se alinha o discurso de desmonte das políticas culturais do atual governo federal. Portanto, a luta pela permanência dos CCBNBs, a manutenção e a ampliação de recursos se faz necessária para defesa do patrimônio material e imaterial do nosso povo, pela democracia estética, artística e literária e o fomento da economia da cultura. É hora de ampliar as forças e mobilizar parlamentares e gestores públicos e a ciranda dos saberes e fazeres das linguagens artísticas, da produção cultural e da pesquisa.