Publicado 03/05/2019 17:02
Matéria do jornal O Estado de S. Paulo dá conta da elevação das tensões envolvendo o ex-juiz da Operação Lava Jato e ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, no governo Bolsonaro. Na mesma semana em que o presidente anunciou na maior feira de agronegócio do Brasil, a Agrishow, que pode isentar produtores rurais que atirarem contra “invasores”, Moro, disse que ainda disse que ainda “era prematuro” discutir essa questão.
O jornal lembra que um dos primeiros desencontros do presidente com o ministro tem a ver com a cientista política Ilona Szabó, que dirige o Instituto Igarapé, especializado em estudos sobre segurança pública. Em 22 de janeiro, ela foi convidada pelo ministro para integrar, como suplente, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Após protestos da base de Bolsonaro nas redes sociais, a cientista foi desconvidada.
“Mandei uma mensagem para a chefe de gabinete. O ministro Sérgio Moro me ligou de volta. Dado o clima (nas redes), eu sabia que o risco existia. O ministro me pediu desculpas. Disse que ele lamentava, mas estava sendo pressionado, porque o presidente Bolsonaro não sustentava a escolha na base dele”, afirmou Ilona ao Estado na época. Em nota, o Ministério informou, à época, que a revogação do convite ocorreu após “repercussão negativa em alguns segmentos”.
Coaf
O conflito mais significativo envolve o desejo de Moro de que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) permaneça no Ministério da Justiça. As declarações vêm após o presidente Bolsonaro afirmar que não se opunha a retirar o Coaf de Moro e deixá-lo com o ministro Paulo Guedes, da Economia, para obter apoio no Congresso. “Não me oponho em voltar o Coaf para o Ministério da Economia, apesar de o Paulo Guedes estar com muita coisa”, disse Bolsonaro.
Em entrevista à Jovem Pan no dia 1º de maio, Moro afirmou que o conselho estava “esquecido” no Ministério da Fazenda e garantiu que o ministro da Economia não quer o Coaf. “Guedes não quer o Coaf, ele tem uma série de preocupações, tem a reforma da Previdência. A tendência lá é ele (Coaf) ficar esquecido e na Justiça temos ele como essencial”, disse. O ministro quer o órgão sob seu controle para dar andamento à sua prática de fazer perseguição política seletivamente.