Ator acusa Bolsonaro de censurar filme crítico à “cura gay”
O ator norte-americano Kevin McHale, famoso por atuar na série Glee, acusou o presidente Jair Bolsonaro de censurar um filme crítico à chamada "cura gay". A declaração gerou polêmica nas redes sociais e foi rebatida pelo brasileiro.
Publicado 05/02/2019 20:38
Dirigido por Joel Edgerton, Boy Erased: Uma Verdade Anulada estava previsto para estrear no circuito de cinema brasileiro na última quinta-feira (31). A distribuidora vinha divulgando o longa-metragem desde o ano passado. A produção havia ganhado trailer legendado e cartaz em português. Mas sua estreia foi cancelada.
Com isso, a história que conta a vida de um jovem que se submete a um tratamento batizado de "cura gay" nos Estados Unidos poderá ser vista apenas no streaming. A decisão foi revelada pela distribuidora Universal Pictures e gerou polêmica entre internautas nas redes sociais, que falaram em censura. Muitos acusaram a empresa de ter medo da onda conservadora que tomou conta do País.
“Meus caros brasileiros, o filme Boy Erased foi banido no Brasil. Seu presidente está censurando conteúdo LGBT+. Banir um filme sobre os perigos da terapia de conversão é perigoso! Bolsonaro é uma ameaça às vidas LGBTQ+. Eu te amo, Brasil, e vou lutar com vocês”, afirmou Kevin McHale no Instagram.
O ator também foi ao Twitter para reclamar do cancelamento: “Então começou. Boy Erased acabou de ser banido no Brasil. Bolsonaro é uma ameaça e um perigo para a comunidade LGBTQ+ no Brasil. Censurar um filme sobre os perigos da terapia de conversão é só o começo”.
O escritor Garrard Conley, autor do livro que inspirou Boy Erased, seguiu a mesma linha, embora não tenha citado Bolsonaro. “Boy Erased censurado no Brasil. Senti que isso iria acontecer e é muito triste que esse tipo de coisa esteja acontecendo em um país maravilhoso”, tuitou o autor.
Segundo o site B9, o estúdio cancelou o lançamento de Boy Erased por razões comerciais, uma vez que o investimento com divulgação poderia não trazer o resultado desejado pela empresa. Em comunicado, a Universal também afirmou que a decisão de cancelar ocorreu "única e exclusivamente por uma questão comercial baseada no custo de campanha de lançamento versus estimativa de bilheteria nos cinemas".
Boy Erased mostra a história de um rapaz homossexual, interpretado por Lucas Hedges (Três Anúncios para um Crime, Manchester à Beira-Mar), que é mandado para a chamada “cura gay” por seus pais, vividos por Nicole Kidman e Russell Crowe. O filme é uma adaptação da biografia de Gerrard Conley, que assumiu ser homossexual aos 19 anos e foi forçado por seu pai, um pastor batista, a passar por um procedimento de “conversão sexual” organizado pela Igreja.
Os criminosos programas de “cura gay” realmente existem nos Estados Unidos: cerca de 77 mil pessoas estão submetidas – atualmente – a “terapias de conversão” no país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) condena essas “terapias”, porque a homossexualidade não é uma doença para ser curada.
Da Redação, com agências