Araujo
Ernesto Araújo transformou o Itamaraty em algo impensável há bem pouco tempo atrás. Ao receber ontem (17) membros da oposição venezuelana, que não tem qualquer tipo de mandato (com exceção de um juiz que fugiu de Caracas pra Miami por acusação de crime sexual), seja parlamentar ou de qualquer outra natureza, deixou claro o papel de subserviência aos EUA no qual jogará a casa de Rio Branco. Lembre-se que o Brasil não rompeu diplomaticamente com a Venezuela, oficialmente a relação do país é com o Estado venezuelano e sua representação governamental. A despeito disso, em nota proferida ontem, após encontro com venezuelanos, o Itamaraty diz textualmente: “o sistema chefiado por Nicolás Maduro constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e no terrorismo”. Mais à frente se lê que o Brasil tem “papel-chave” na “mudança do cenário venezuelano”. Como bem disse recentemente o Governador Flávio Dino do Maranhão via twitter: “querem transformar a Venezuela na nova Síria”.
Todos os caminhos levam à… China. Deputados e deputadas do PSL, partido do presidente Bolsonaro, estão na China a convite da embaixada chinesa no Brasil. A viagem foi criticada por um dos gurus dos bolsominions, Olavo de Carvalho. Em um vídeo que circula pela internet, Carvalho diz com o dedo em riste se dirigindo a uma deputada que faz parte do grupo de parlamentares, Carla Zambelli: “nunca vou te perdoar isso aí. Eu te ajudei muito. Se você não sair desse negócio eu não falo mais com você.” Já a deputada, se defendeu nas redes dizendo que os parlamentares não estão representando o executivo, além do que ainda nem foram empossados para falar em nome do parlamento brasileiro.
A explosão de um carro bomba em Bogotá deixou 21 mortos e 68 feridos. Foi em uma escola da polícia colombiana, dedicada à formação de oficiais. Como era de se esperar, já começaram a circular acusações ao partido Fuerza Alternativa Revolucionaria del Común (FARC), organização que substituiu a antiga FARC após os acordos de paz de 2016. A FARC se pronunciou: “rechaçamos contundentemente os graves eventos que se produziram na Escola Geral de Santander. Toda nossa solidariedade com as vítimas”.
Uma entidade de monitoramento do próprio governo americano, ACLU (Americana Civil Liberties Union), que acompanha as atividades do Departamento de Saúde do governo dos EUA, anunciou que o país poder ter separado milhares de famílias migrantes a mais do que o número publicamente conhecido. Ainda segundo o relatório, as separações continuaram mesmo após a ordem executiva de reversão das mesmas, assinada por Trump em 20 de junho do ano passado.
Enquanto nos EUA, Congresso e Executivo se digladiam por conta de um muro para barrar migrantes na fronteira do México, no Canadá o governo quer adicionar um milhão de imigrantes ao país até 2021. Segundo o plano imigratório do país para os próximos três anos, cerca de 300 mil novos estrangeiros serão admitidos por ano. A explicação está no próprio plano: “com uma população envelhecendo e com baixas taxas de fertilidade, a imigração desempenha um papel importante em assegurar que a população e a força de trabalho do Canadá continuem a crescer”.
No Reino Unido, aumentou a tensão entre Jeremy Corbyn e Theresa May em torno da construção de uma solução para o Brexit. O líder trabalhista Corbyn orientou seus parlamentares a não sentarem-se à mesa de negociações com May. A primeira ministra tem se reunido com parlamentares de outros partidos. Corbyn quer de May a garantida de que um Brexit duro (sem acordo) não está entre as possibilidades estudadas pelo governo. O deadline do Brexit é o dia 29 de março. Membros da UE já estudam seu adiamento. Uma nova votação no parlamento britânico pode ocorrer em 29 de janeiro.
O embate entre Trump e Nancy Pelosi (líder democrata) também está quente nos EUA. Ontem o presidente inviabilizou uma viagem da parlamentar em que ela passaria pela Bélgica, Afeganistão e iria à Suíça para o Fórum Econômico de Davos. Ele conseguiu impedi-la pois Pelosi e sua comitiva viajariam em uma aeronave da Força Aérea americana. Trump alegou que seria inapropriado ela viajar durante o shutdown. Na mesma semana Pelosi disse que seria inapropriado Trump proferir o discurso do Estado da União (anual) durante o shutdown que hoje completa 28 dias. Já é a maior paralisação da história dos EUA.
Cerca mil migrantes centro-americanos que chegaram esta semana à fronteira com o México tiveram ontem (17) liberação de ingresso no país de forma imediata. Foram recebidos de “forma amável e eficaz” segundo os relatos que estão na imprensa. Onde antes havia grande presença policial e até uso de gás lacrimogênio para dispersão, ontem havia garrafas de água e voluntários para dar instruções aos migrantes. A recepção faz parte da nova política migratória coordenada pelo governo de Obrador. O Instituto Nacional de Migração do México agora entregará uma credencial a cada migrante para que estejam regulares no país por até um ano. A credencial é renovável e permite trabalhar e utilizar os serviços públicos de saúde e educação.
Nos EUA, completa nesta sexta (18) uma semana da greve de professores de Los Angeles. O Distrito Unificado de Escolas de Los Angeles é o segundo maior dos EUA, com mais de 600 mil alunos, sendo que 74% dos alunos são latinos. São 30 mil professores. A greve virou símbolo da luta contra a precarização da escola pública dos EUA e é a maior em 30 anos.
Conselho de Segurança da ONU aprovou esta semana a criação de uma missão para monitorar o cessar-fogo no Iêmen.
De Brasília, Ana Prestes