China celebra 40º aniversário de sua política de “reforma e abertura”
A China celebrou nesta terça-feira (18) o 40.º aniversário da adoção das reformas econômicas e políticas que converteram o país na segunda maior economia do mundo. Na solenidade de comemoração, o presidente Xi Jinping defendeu o modelo de 'socialismo com características chinesas'
Publicado 18/12/2018 11:46
A celebração, presidida pelo primeiro-ministro chinês Li Keqiang, foi iniciada com todos os participantes subindo para cantar o hino nacional. Wang Huning, membro do Comitê Permanente do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), leu a decisão de concedimento às pessoas que contribuíram com reforma e abertura do país.
O presidente chinês, Xi Jinping, fez o discurso de abertura do evento. "Ninguém está na posição de ditar ao povo chinês o que deve ou não deve fazer", declarou Xi durante sua fala de quase uma hora e meia dedicada aos grandes avanços econômicos e sociais da China desde as reformas iniciadas em 1978.
Xi Jinping, enfatizou o compromisso da China de se abrir mais ao mundo e promover esforços conjuntos para construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. 'A prática da reforma e abertura nos últimos 40 anos mostra que a abertura traz progressos, enquanto o isolamento conduz ao atraso', disse Xi.
Ele defendeu que "a China não pode desenvolver-se isolada do mundo, e o mundo necessita da China para a prosperidade global".
Caminho socialista
O líder chinês reivindicou o sucesso econômico da China nos últimos 40 anos graças ao modelo do "socialismo com características chinesas" dirigido pelo Partido Comunista.
Xi Jinping pediu a adesão ao caminho socialista com características chinesas e o desenvolvimento constante deste caminho. "Para avançar a reforma e o desenvolvimento em um país com uma civilização com mais de 5.000 anos e mais de 1,3 bilhão de pessoas, não se pode contar com um manual com regras infalíveis", disse Xi.
O presidente chinês enfatizou a importância de se encontrar um equilíbrio entre a reforma, o desenvolvimento e a estabilidade, ao aderir à visão mundial e à metodologia oferecidas pelo materialismo lógico e o materialismo histórico. Ele também defendeu a manutenção do marxismo como a ideologia orientadora e a exploração de inovações teóricas baseadas na prática.
"As práticas nos últimos 40 anos têm mostrado que a inovação é a linha da vida da reforma e abertura", disse Xi. O presidente chinês pediu esforços para basear a teoria do Partido na realidade e "responder às perguntas de nossos tempos e do povo" de uma maneira oportuna. "Temos de atualizar e popularizar o marxismo no contexto de uma China moderna e fazer novos avanços no desenvolvimento do marxismo", destacou Xi.
Avançar com intensidade constante
Ele também apontou que o país tem de ser corajoso e empreendedor e deve adotar uma abordagem proativa, porém prudente, com passos imediatos, porém estáveis, para procurar reforma, desenvolvimento e estabilidade simultaneamente. "Temos de seguir a direção certa, nos manter no caminho certo e avançar com intensidade constante em busca de maior progresso na reforma e abertura na nova era".
O líder chinês destacou ainda que, como a reforma e abertura nas últimas quatro décadas tem mostrado, um grande país como a China não pode permitir nenhum erro disruptivo nos assuntos fundamentais. "Temos de adotar uma perspectiva estratégica, desenvolver uma abordagem dialética de pensamento e um pensamento criativo, pensar em termos da regra da lei, e considerar a pior das hipóteses", ressaltou ele.
Segundo Xi, a China tem de também manter a tomada de decisões relacionada à reforma de acordo com os atos legislativos para tomar decisões sobre reforma de maneira mais sã, e mostrar tenacidade e persistência plena para levar a cabo todas as principais medidas de reforma.
Conquistas em muitas áreas
O presidente chinês ressaltou que o país se livrou dos problemas que tinham afetado seu povo por milhares de anos, incluindo fome, carência e pobreza. "A pobreza não é o socialismo", defendeu Xi, ao recordar que "740 milhões de pessoas" abandonaram a pobreza nas últimas quatro décadas.
Entre outros grandes êxitos da China, segundo o presidente Xi, está o significativo fortalecimento da governança ecológica e ambiental.
Xi Jinping se referiu ainda à defesa nacional e aos esforços pela reunificação da pátria. Disse que o exército popular se tornou uma força invencível na proteção do bem-estar do povo e na defesa da paz da pátria e do mundo e que o Partido e o Governo estão sempre comprometidos a impulsionar a grande causa da reunificação pacífica da pátria. A identidade nacional e a identidade cultural dos chineses tanto no interior quanto no exterior têm sido fortalecidas de forma notável.
O líder chinês comemorou que o país esteja se aproximando do cenário central do mundo, e seja amplamente reconhecido como um promotor da paz mundial, um contribuidor do desenvolvimento global e um sustentáculo da ordem internacional.
Finalmente, entre os êxitos da reforma e abertura, Xi Jinping ressaltou que o Partido Comunista da China tem sempre se comprometido com o fortalecimento e aperfeiçoamento de sua liderança e alcançou uma uma vitória abrangente na luta anticorrupção.
Guinada desenvolvimentista
Em 1976, quando morreu seu "grande timoneiro", Mao Tsé-Tung, a China era um país soberano e respeitado, mas com uma população ainda muito pobre, com uma economia planejada e coletivista.
Mas então aconteceu uma mudança histórica: a terceira sessão plenária do XI Congresso do PCCh ratificou a guinada para a "Reforma e Abertura", assim como uma "economia de mercado socialista", sob a liderança de Deng Xiaoping. Deng lançou as "quatro modernizações" que eram defendidas desde 1975 pelo primeiro-ministro de Mao, Zhou Enlai: Agricultura, Indústria, Ciências e Tecnologia e Defesa.
As reformas iniciaram-se na zona rural. Espalharam-se do campo para as cidades e do setor econômico para o político, o cultural, o social e para todas as outras áreas. O que se iniciou como uma pequena corrente transformou-se em uma poderosa corrente. O esforço do processo de abertura iniciou-se com o estabelecimento de Shenzen e outras três Zonas Econômicas Especiais seguidas pela expansão ao longo do litoral, rios e áreas de fronteiras, e de forma gradual seu alcance tornou-se algo direcionado por todo o país como um elo com o papel de multidirecionar o processo de abertura.
Da redação, com informações da agência XinHua