Publicado 03/12/2018 01:38
O Nordeste reúne 57 milhões de pessoas. A região, que já foi o principal polo econômico do país, viveu um recuo brusco ao longo do século 20. Consequência de uma industrialização concentradora de renda e riqueza, descolada da necessária visão de equidade e equilíbrio regional.
A partir do início do século 21, alavancada por fortes investimentos públicos em infraestrutura e políticas sociais, a região viveu uma era de redenção. Entre 2003 e 2013 nossa economia cresceu mais do que a média nacional. Este resultado promoveu uma redução expressiva da pobreza e o fortalecimento da classe média, dinamizando e expandindo a economia local.
O sopro de prosperidade percorreu a região. Mas ainda foi insuficiente para reverter todos os danos causados por décadas de projetos concentradores de riqueza e excludentes de largos segmentos sociais. A partir de 2015, a crise política, que aprofundou a crise econômica, significou um freio drástico nesse ciclo virtuoso.
À retração dos investimentos públicos se somou uma queda vertiginosa nas transferências obrigatórias de recursos arrecadados pelo governo federal. Apenas no Maranhão, a estimativa de perda relativa ao FPE (Fundo de Participação dos Estados) é da ordem de R$ 1,5 bilhão. A reversão desse quadro exige um conjunto de medidas emergenciais. Foi o que os nove governadores do Nordeste sintetizaram em uma carta enviada ao presidente da República recém-eleito.
Precisamos retomar as obras federais na região, com destaque especial para obras rodoviárias, de segurança hídrica e habitacionais, visando à geração de empregos.
Urge a viabilização de fontes de financiamento capazes de reequilibrar o pacto federativo, recompondo as receitas do FPE e do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Uma reforma tributária que corrija distorções, como a baixa tributação sobre bancos e a isenção sobre dividendos, é imperativa. E é necessário desbloquear as operações de crédito dos estados, permitindo novo ciclo de investimentos públicos, especialmente em infraestrutura.
O governo federal precisa liderar o Pacto Nacional pela Segurança Pública, assumindo a execução de ações de enfrentamento ao crime organizado nacionalmente, a exemplo das facções criminosas interestaduais.
Esperamos que o Fundeb seja prorrogado para além de 2020 e que o governo federal amplie sua participação no fundo, dando concretude ao compromisso constitucional com a educação pública, gratuita e de qualidade.
Na saúde, é questão premente encontrar soluções para a saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos.
Diferentemente de discursos monotemáticos sobre cortes e privatizações, a Agenda Nordeste é de desenvolvimento da nossa nação, único caminho que propiciará dias melhores para o Brasil e para os brasileiros.