Maia critica falta de diálogo da equipe de Bolsonaro com o Congresso
De acordo com matéria publicada pelo G1, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a interlocução do futuro governo Jair Bolsonaro com o Congresso está falha e que o futuros integrantes do Palácio do Planalto não deram ainda "nenhum sinal" do que querem.
Publicado 12/11/2018 16:28
"Ainda não houve nenhuma articulação. Não vou pautar uma matéria porque eu li no jornal", afirmou Maia.
A reclamação de falta de interlocução também foi feita pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Ao ser questionado se alguém da equipe econômica de Bolsonaro ou o ministro Onyx Lorenzoni, resposável pelo governo de transição e futuro ministro da Casa Civil, o procurou, o senador foi irônico.
"Você acha que Onyx vai me procurar? Não vai. Tive o cuidado de dizer que nós estamos reduzindo os incentivos em torno de 40%, se não amanhã (dizem que é) pauta bomba", declarou Eunício, reforçando que comunicou ao Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda e outras pastas, que estava prorrogando a votação do orçamento duas vezes.
Maia, por sua vez, disse que a maneira como Bolsonaro pretende construir sua base governista, supostamente sem "toma-lá-dá-cá", não terá sucesso. "O governo acha que viabiliza a base através das frentes parlamentares, mas eu acho que não viabiliza", afirmou.
Maia teria dito ainda que o Congresso precisa saber o que o governo quer fazer.
"Não posso dar um canhão na mão dele sem saber o que vai ser do Congresso", afirmou Maia, destacando as pessoas querem entender "qual a regra do jogo" e que o governo Bolsonaro não colocou ninguém para articular sua base política, pois a equipe adota a linha "contra a política".
Segundo ele, se Bolsonaro continuar achando que não precisa se empenha pessoalmente para a aprovação de medidas na área da previdência, ainda que sejam medidas infraconstitucionais que não alterem a Constituição, as medidas não sairão do papel.
A insatisfação de Maia com o futuro governo também pode ter como causa a eleição da presidência da Câmara. No encontro com integrantes do mercado financeiro, Maia teria dito que tem uma boa articulação com o Centrão e com partidos de esquerda para conseguir se reeleger em 2019. Mas que não teve uma sinalização de apoio por parte do governo Bolsonaro, que segundo aliados tende a ficar neutro na disputa.
Maia teria ficado irritado também com o fato da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (MS), que é do DEM, ter sido chamada para o cargo, sem sequer ter sido informado da indicação.