Editorial do New York Times sobre Bolsonaro: 'triste escolha do Brasil'
O jornal estadunidense The New York Times, considerado um dos mais importantes do mundo, fez um editorial nesta segunda-feira (22) em que lamenta a liderança de Jair Bolsonaro (PSL) nas intenções de voto e alerta sobre os perigos de sua possível eleição
Por Alessandra Monterastelli
Publicado 22/10/2018 11:00
"Jair Bolsonaro é da extrema-direita brasileira e possui ideias repulsivas". Assim começa o editorial de um dos maiores jornais do mundo, seguido de alguns dos exemplos da conduta homofóbica, racista e mosógina de Jair Bolsonaro (PSL). Quando ele disse que se seu filho fosse homossexual, preferiria que ele morresse; quando disse que outra parlamentar era "muito feia para ser estuprada"; quando disse que afrobrasileiros são gordos e preguiçosos; e, claro, sua nostalgia da ditadura militar brasileira e seus torturadores. E o Times alerta: esse pode ser o próximo presidente do Brasil.
O jornal explica que por trás dessa projeção está uma história que se tornou "alarmantemente" comum nas democracias mundiais. No caso do Brasil, o que antecede a escalada bolsonarista é uma grande recessão, a corrupção engendrada na máquina estatal, a prisão de Lula, o impeachment de Dilma Rousseff, os retrocessos e acusações contra o governo Temer.
Segundo o jornal, "Bolsonaro aparece como um forasteiro que promoverá uma limpeza e sua promessa de um punho de ferro soa como uma esperança de melhorar a taxa recorde de 175 homicídios por dia". "Cristão evangélico, ele prega uma mistura de conservadorismo social e liberalismo econômico, embora confesse possuir uma compreensão superficial da economia".
"Soa familiar?", questiona o Times após descrever o ex-capitão da reserva. "Ele é um dos populistas que têm surfado nessa onda de descontentamento geral, frustração e desespero". "Não por acaso ele [Bolsonaro] é descrito como um Donald Trump brasileiro", conclui.
O Times alerta que, caso o candidato do PSL ganhe, uma grande perdedora será a Floresta Amazônica, "mais conhecida como os pulmões do mundo pelo seu papel de absorver dióxido de carbono". "Bolsonaro prometeu revogar muitas das leis protetoras das florestas tropicais, com o intuito de oferecer mais terras aos poderosos agrosenhores brasileiros"; o editorial cita ainda a pretensão do ex-capitão de abandonar o Acordo Climático de Paris, acabar com o Ministério do Meio-Ambiente e impedir a criação de reservas indígenas.
"A escolha é dos brasileiros. Mas este é um dia triste para a democracia, quando o desamparo guia os eleitores para a distração e abre a porta para populistas cruéis e ofensivos", conclui o editorial do jornal norte-americano.