Trump declara sanções, mas Coreia Popular está disposta a dialogar
General norte-coreano comunicou disposição ao presidente da Coreia do Sul, em reunião antes da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno, apesar das sanções anunciadas pelos EUA contra a Coreia Popular e a continuação do discurso agressivo de Trump
Publicado 27/02/2018 14:47
A Coreia Popular está disposta a dialogar com os Estados Unidos, disse no domingo (25) o general Kim Yong-chol, um funcionário do alto escalão do governo norte-coreano ao presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, segundo a presidência sul-coreana.
Os comentários do representante de Pyongyang, responsável pelas relações intercoreanas, aconteceram durante uma reunião entre Moon e a delegação norte-coreana presente à cerimônia de encerramento dos Jogos de Inverno de Pyeongchang. A reunião aconteceu pouco antes da cerimônia, como informa o Deutsche Welle.
No encontro de uma hora de duração, Moon insistiu sobre a necessidade de haver um diálogo entre os EUA e a Coreia Popular num futuro próximo, o que servirá também para melhorar as relações entre Pyongyang e Seul, detalhou o escritório presidencial.
Neste sentido, Seul afirmou que "a delegação norte-coreana também se mostrou de acordo quanto às relações entre a Coreia Popular e os EUA terem que se desenvolver de maneira conjunta com a relação entre as duas Coreias" e apontou que Pyongyang "está muito disposta a manter um diálogo com os EUA".
O momento para uma possível negociação de paz e para a abertura do diálogo entre as Coreias é extremamente frutífero; a reaproximação graças aos Jogos Olimpicos de Inverno tem sido acompanhada com grande esperança por parte do resto do mundo. Apesar disso, na última sexta-feira (23), Donald Trump anunciou novas medidas para isolar a Coreia Popular, definindo-as como as sanções mais pesadas já impostas ao país, atingindo mais de 50 empresas de navegação e comércio que ajudam a Coreia Popular a driblar as sanções anteriores. A "pressão máxima", segundo o presidente norte-americano, é para forçar a desnuclearização de Pyongyang; declaração controversa, uma vez que tem repercutido na mídia internacional o esforço da administração Trump para o desenvolvimento do arsenal nuclear dos EUA, e para facilitar a sua utilização.
A Coreia Popular respondeu classificando de "ato de guerra" as novas sanções unilaterais dos Estados Unidos, segundo informa a RFI. "Como afirmamos repetidamente, consideraremos qualquer tipo de restrição contra nosso país como um ato de guerra", afirmou o ministério norte-coreano das Relações Exteriores em um comunicado publicado pela agência oficial KCNA. "Trump está tentando nos afetar com declarações e comentários hostis, o que demonstra seu desconhecimento sobre nós", afirmou o comunicado. "Já temos nossa arma nuclear, uma valiosa espada justiceira para nos proteger das ameaças dos Estados Unidos", afirmou o ministério. O deselvolvimento nuclear, segundo os norte-coreanos, é uma maneira de estar "de igual para igual" com os Estados Unidos, podendo assim negociar sem estar em uma posição inferior de poder.
O governo da China, como informa o Opera Mundi, também criticou as sanções americanas. "A China se opõe firmemente à jurisdição extraterritorial dos Estados Unidos e às sanções contra entidades chinesas e indivíduos", afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang.