Declarações de Macron e da UE são ofensivas para a Venezuela
No sábado (27) o governo venezuelano qualificou como "hostis" as declarações recentes do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o país sul-americano e repudiou a "pretensão arrogante da União Europeia de 'supervisionar' a Venezuela"
Publicado 29/01/2018 12:51
O Ministério venezuelano das Relações Exteriores expressou no sábado (27), em comunicado, o seu mal-estar com as declarações proferidas no dia anterior por Catherine Ray, porta-voz da Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, contra a decisão do governo venezuelano de declarar persona non grata o embaixador de Espanha em Caracas, Jesús Silva Fernández.
A decisão, anunciada dia 25 e fundamentada nos "ataques contínuos e atos de ingerência recorrentes nos assuntos internos [do país] por parte do governo espanhol", foi de imediato condenada por Catherine Ray, em nome dos 28, que disse esperar que o governo venezuelano "venha a reconsiderar" e ainda defendeu as sanções impostas há uma semana contra sete altos cargos do país latino-americano, segundo revela o diário espanhol El Mundo.
Em resposta, a diplomacia venezuelana manifestou o "seu mais enérgico repúdio face à arrogante pretensão da UE de supervisionar a Venezuela, como se se tratasse de uma colônia sob a sua tutela", e instou o bloco europeu a se "redimir da sua declaração ofensiva", lê-se no comunicado que emitiu.
Voltou a expressar, ainda, o seu repúdio pelas "medidas restritivas, coercivas, unilaterais e ilegais" impostas pela UE contra altos cargos venezuelanos.
Macron, pouco original, ergue a voz ao lado de Macri
Em um discurso que peca, antes de mais nada, pela falta de originalidade, o chefe de Estado francês decidiu, na sexta-feira (26), falar da "deriva autoritária inaceitável do regime" de Nicolás Maduro – algo em que foi apoiado, sem surpresa, pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, de visita na França e ao seu lado na conferência conjunta no Palácio do Eliseu, em Paris.
O presidente da França, Emmanuel Macron, se mostrou favorável a "ampliação" das sanções contra a Venezuela por parte da UE, cuja "eficácia" não questionou, mas considerando que o "impacto" das "sanções individuais contra dirigentes venezuelanos" é "limitado".
Sendo seu desejo "ir mais além", Macron defendeu que "a pressão sobre o regime terá efeitos no dia em que essas medidas forem eficazes". O mandatário francês prosseguiu com acusações variadas contra o governo da Venezuela – que podiam ser ouvidas em Madrid, Washington ou Lima.
Estas afirmações não passaram despercebidas ao Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, que, em comunicado, disse estar preocupado com a atitude do chefe de Estado da França, na medida em que apela a ofensiva contra o país e a medidas que violam o Direito Internacional.
O governo venezuelano acusa Macron de seguir uma linha de atuação que é "cópia fiel do governo supremacista dos Estados Unidos", violando o "princípio da livre determinação dos povos e o da não intervenção nos assuntos internos dos estados soberanos".
É inaceitável que Macron questione "a legitimidade, idoneidade e transparência dos poderes públicos e as instituições consagradas na Constituição" da Venezuela, acusa o Ministério, que encoraja as autoridades do país europeu a orientar as relações bilaterais com base no "diálogo construtivo e respeitoso".