O que Cuba tem a ensinar ao mundo na área de saúde?
Quando de sua visita a Cuba, em 2014, a então diretora geral da OMS, Margareth Chan declarou que “Cuba é único país que eu vi que tem um sistema de saúde estreitamente relacionado com a pesquisa e o desenvolvimento em um circuito fechado. Essa é a direção certa porque a saúde humana não pode melhorar se não há inovação”.
Publicado 28/01/2018 02:56 | Editado 04/03/2020 16:42
Claudio Machado*
O sistema de saúde cubano, além de ser público e universal, baseia-se na medicina preventiva, o que, como era de se esperar, alcança resultados fantásticos.
Apesar dos recursos serem bastante limitados e dos efeitos nefastos causados pelo embargo comercial estadunidense, Cuba garante acesso à saúde para toda a população, com resultados semelhantes aos existentes nos países mais desenvolvidos economicamente.
Cuba investe mais em saúde, proporcionalmente ao PIB, do que muitos países ricos, como EUA, Espanha, França e Alemanha. Em 2015 foram 10,57% do Produto Interno Bruto.
A taxa de mortalidade infantil é uma das menores do mundo, tendo sido de 4 óbitos para cada mil crianças nascidas vivas em 2017, enquanto que nos EUA foi de 5,9 e no Brasil, de 13,8.
o Sistema Nacional de Saúde de cubano tem a Saúde da Família (SF) como ordenadora da Atenção Primária à Saúde (APS).
“Desde que se tratar de preservar a vida, para que as pessoas vivam mais e o façam com dignidade, haverá uma razão para lutar e se regozijar no triunfo. Desde que falamos de melhorar, de projetar o futuro para o bem, de crescer e fazer a obra quotidiana melhor, há uma razão para continuar”, como destacou Lisandra L. Fariñas Acosta, repórter e redatora do periódico cubano “Granma”.
O ano de 2017 foi excepcionalmente bom em termos de avanços nos resultados obtidos com a cada vez melhor assistência à saúde do povo cubano.
Além de queda na taxa de mortalidade infantil, de 5 para 4 óbitos para cada 1000 crianças de até 1 (um) ano, muitos outros índices também mostraram significativas melhoras, ou se mantiveram estáveis em patamares comparáveis aos dos países mais ricos do planeta.
A expectativa de vida ao nascer é de 78,45 anos, sendo de 80,45 para mulheres e 76,50 para homens.
Para a faixa etária de 75 anos ou mais, a mortalidade reduziu de 62,4 para 61,9 óbitos para cada 100.000 idosos.
Na área de epidemiologia, além de ter eliminado doenças como difteria, poliomielite, tétano no recém-nascido, coqueluche, sarampo e rubéola, Cuba é o primeiro país certificado pela OMS/OPAS por ter eliminado a transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis congênita, com indicador de 0% e 0,04 por cada mil nascimentos vivos, respectivamente.
A intensificação de medidas preventivas e à melhoria das condições técnicas, estruturais e científicas para o diagnóstico precoce do câncer permitiram a redução do índice de mortalidade por essa doença. Em pessoas com idade inferior a 19 anos a redução foram 4,45% menos óbitos por câncer de mama e 2,04 por câncer de cólon.
Mas para seguir melhorando cada vez mais o sistema de saúde pública, o governo cubano compreende que é necessário permanente investimento em ciência e inovação tecnológica. Como resultado dessa política, em2017 estavam sendo executados 20.500 projetos de pesquisa. O setor contava em 2017 com 30.448 pesquisadores, 236 a mais do que em 2016.
Paralelo aos avanços internos, Cuba mantem sua política de colaboração internacional na área de saúde, enviando seus médicos e médicas para todos os cantos desse planeta onde são bem recebidos e necessários. Exemplo disso foi o envio de brigadas Henry Reeve (formada por médicos especializados em situações de desastres e graves epidemias) para o Peru, Serra Leoa, Dominica e México.
A qualidade do serviço de saúde em Cuba e os resultados alcançados, comparáveis aos melhores do mundo, além de torna-la uma referência mundial nesse setor, demonstra irrefutavelmente que para ao povo uma assistência de saúde digna, de qualidade e universal ao povo, depende muito mais de decisão política e de compromisso social, do que abundantes recursos.
E nunca é demais lembrar que além da limitação de recursos, Cuba ainda tem que superar as imensas dificuldades causadas pelo infame bloqueio comercial imposto pelo imperialismo estadunidense há quase 60 anos.