Governo encomenda pesquisa para dizer que rejeição à reforma caiu
Pesquisa Ibope encomendada pelo governo Michel Temer sobre a proposta de reforma da Previdência aponta que a maioria dos entrevistados (66%) não concorda com a proposta de idade mínima para aposentadoria nem com a regra de transição para se chegar à exigência de 62 anos, para mulheres, e de 65, para homens.
Publicado 11/12/2017 12:04
De acordo com o texto que tramita na Câmara dos Deputados, homens de 55 anos e mulheres de 53 poderão se aposentar em 2018, desde que paguem um pedágio de 30% sobre o tempo que faltaria para completar 35 anos de contribuição (homens) e 30 (mulheres). Essa idade aumenta um ano a cada dois a partir de 2020, até chegar à idade mínima proposta pelo governo. Ou seja, em 2022, o corte passará a ser de 54 anos para mulheres e 56, para homens. Em 2024, 55 e 57; em 2026, 56 e 58; e assim por diante.
Mas a pesquisa foi encomendada para que o governo pudesse se apegar no seu discurso de suposto combate “aos privilégios”. Temer destinou a bagatela de R$ 72 milhões para a publicidade e boa parte do recurso deve turbinar a campanha da Previdência para dizer que a reforma não atinge os trabalhadores, mas quer dar fim aos privilégios dos que, segundo o governo, “ganham muito e trabalham pouco”.
A pesquisa foi feita por telefone com 1.200 pessoas de todo o país. De forma invasiva, o pesquisador dizia aos ouvintes que a reforma “não vai mexer na aposentadoria rural”, “não tira direitos adquiridos” e também não mexe em benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas de baixa renda, antes de questionar o posicionamento do entrevistado.
Utilizando esse método, a pesquisa chegou à mágica situação em que a aprovação da proposta teria subido de 18% para 26% nos últimos dias. A rejeição caiu de 46%, no início de novembro, para 30%, no fim do mês. No mesmo período, os indecisos foram de 33% para 42%.
Ainda de acordo com o levantamento, 67% dos brasileiros concordam que servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada tenham as mesmas regras para se aposentar, e 55% são favoráveis à reforma acabar com privilégios de algumas categorias.
Com isso, o governo acredita que pode convencer os parlamentares de que a reforma não será prejudicial para o desempenho eleitoral dos políticos.