Cebrapaz: Entidades debatem solidariedade a Cuba e Venezuela
“Cada país tem direito à paz e à soberania, e o seu povo o direito de conduzir os seus destinos”. Foi o que afirmou o presidente nacional do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Antônio Barreto, durante a palestra “A luta pela Paz e a ação imperialista na América Latina”, ministrada na noite da última quarta-feira (21), no auditório da Adufc.
Publicado 22/06/2017 20:30 | Editado 04/03/2020 16:23
O evento organizado pelo Cebrapaz-CE em parceria com a Fundação Maurício Grabois contou com uma ampla participação de entidades e movimentos identificados com a luta pela paz, que aprovaram um manifesto de solidariedade a Cuba e a Venezuela.
O palestrante saudou a realização do evento e sua importância para o fortalecimento da luta pela paz e de solidariedade entre os povos, com destaque para a Venezuela e Cuba, países que sofrem com as pressões “brutais” estadunidense. Os EUA, segundo ele, possuem mais de 800 bases militares e oito frotas navais espalhadas pelo mundo e cujo atual governo, liderado por Donald Trump, aprofunda a política de dominação e militarização. “Precisamos conscientizar os povos do perigo que as bases militares estrangeiras representam, e de que os EUA, com pretexto de ‘segurança’ e ‘defesa’, imprimem uma política de guerra e de violência em busca de hegemonia”.
Para Barreto, a luta em defesa da soberania dos povos se torna ainda mais importante para a América Latina e Caribe, cujos países abrigam cerca de 80 bases militares e os governos com projetos populares e progressistas “sofrem com a intervenção do imperialismo”.
“Vejam o que vem acontecendo com a Venezuela, por exemplo, cuja oposição, patrocinada pelos EUA, usa a violência para impor condições que levem à queda do governo Maduro. Já Cuba sofre há mais de 50 anos com o agressivo bloqueio econômico e manutenção da base de Guantánamo, ferindo a soberania do país, os direitos humanos e desrespeitando o direito internacional”. Para ele, os Estados Unidos que patrocinou ditaduras no continente, “acostumou-se a tê-lo como seu quintal”.
O dirigente ressaltou que ao discutir solidariedade entre os povos é preciso falar da situação do Brasil, o país do continente com maior cerco de bases. “Essas bases estão instaladas na Colômbia, Peru, Argentina e Paraguai, todas com a anuência de seus governos”. Para ele, o momento de crise política e retrocesso que vive o país têm impacto direto em seus vizinhos. “A fragilidade da democracia no Brasil e a interferência americana em nossa política com o apoio ao governo golpista enfraquecem as relações com o Equador, a Venezuela e Cuba, por exemplo, parcerias essenciais para o continente, construídas nos governos Lula e Dilma”.
Barreto denunciou as recentes ações do governo golpista de Temer, que convidou tropas americanas para participarem de exercícios militares na tríplice fronteira amazônica entre Brasil, Peru e Colômbia e negocia secretamente um acordo sobre o uso de uma base militar brasileira no Maranhão para o lançamento de foguetes norte-americanos.
Por fim reforçou as bandeiras de luta do Cebrapaz que são: o fim da OTAN, das bases militares, das armas de destruição em massa e do bloqueio de CUBA. “O Cebrapaz soma-se aos movimentos de todo o mundo em defesa da soberania das nações e dos povos, a justiça e a paz”, ratifica.
A resistência
O presidente da Casa de Amizade Brasil Cuba, Antônio Ibiapina, saudou o evento reforçando a necessidade de somarmos o maior numero de apoiadores da luta pela soberania dos povos. Ele destacou a parceria com o Cebrapaz-CE e ressaltou o apoio da Casa de Amizade ao documento de solidariedade a Cuba e a Venezuela. “Considero este evento muito importante para o fortalecimento da solidariedade a esses países que são símbolos de resistência”.
Mestre em Sociologia, Gustavo Guerreiro, representando na mesa de debates a Fundação Maurício Grabois e o Observatório das Nacionalidades, enfatizou o interesse e as paixões que Cuba desperta, tanto no campo da esquerda, quanto da direita. Para ele, embora seja uma pequena ilha em PIB e população, por exemplo, Cuba tem uma autodeterminação que inspira o mundo, cuja contribuição extrapola os limites de sua área territorial. Gustavo lembrou a importante contribuição de Cuba no processo de independência de Angola. "Cuba tem um DNA antiimperialista. É impossível ser revolucionário sem ser antiimperialista. É um norte ético e revolucionário para nós". Gustavo destacou ainda que esse tema, por sua complexidade e importância, deve ser amplamente debatido em outros espaços e oportunidades.
O presidente estadual do PCdoB-CE, Luiz Carlos Paes, ressaltou os "feitos extraordinários" realizados por Cuba ao longo de um pouco mais de meio século, cujas mudanças recentemente implementadas em sua economia, foram idealizadas e referendadas por seus cidadãos. "Mais de um milhão de cubanos opinaram no processo de reorientação econômica de Cuba. É o povo participando da construção do seu país", avalia.
Para ele, os povos de todo o mundo sofrem com o imperialismo e seu modelo de acumulação, e que hoje as forças produtivas se desenvolveram de forma “extraordinária”, o que permitiu que os 7 bilhões de habitantes do planeta pudessem ter uma vida digna, trabalhando quatro horas por dia. Paes afirma que isso só não acontece porque existe uma brutal concentração de renda. Ele avalia que, ao mesmo tempo em que existe a ação do grande capital em manter a política de exploração, o povo vai se organizando e resistindo. “E isso que nós temos que apostar, seja na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil, na América Latina, na construção de frentes políticas amplas que possam fazer a defesa em cada país, da democracia, de projetos de desenvolvimento que atendam às necessidades de cada povo e defender fortemente a bandeira da paz. A guerra só interessa ao império. A maior ameaça à paz e um país que sozinho tem um orçamento militar que corresponde a 45% do orçamento militar de todo o planeta”.
O dirigente comunista destacou ainda o papel valioso desenvolvido pela Casa de Amizade Brasil Cuba, Cebrapaz, Observatório da Nacionalidade, a Fundação Mauricio Grabois em levar essa discussão de forma ampla para universidades, sindicatos. “Assim podemos criar um grande movimento de solidariedade aos povos em luta contra o imperialismo, em defesa do seu direito de decidir, contra as bases, pelo desarmamento nuclear e em defesa da paz”, finalizou.
Ao final do debate a Carta de Fortaleza – Solidariedade ao Povo Brasileiro, à Cuba e à Venezuela, foi lida e assinada pelas entidades presentes, abaixo relacionadas.
Núcleo do Cebrapaz do Ceará, CEBRAPAZ, Casa de Amizade Brasil Cuba, Fundação Maurício Grabois – Seção Ceará, Observatório das Nacionalidades, Movimento Médicos Pela Democracia, Rede de Médicos e Médicas Populares, Partido Comunista do Brasil – Diretório Estadual do Ceará, FBFF – Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza, UNA LGBT – União Nacional LGBT, UBM/CE – União Brasileira de Mulheres – Ceará, UJS – CE – União da Juventude Socialista – Ceará , CTB – CE – Central de Trabalhadores e Trabalhadoras – Ceará, Movimento Democracia Participativa.
– Matéria atualizada as 9h37 do dia 23/06