Base aliada quer votar reforma trabalhista, oposição promete obstruir

Nesta terça-feira (30), a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) deverá votar o parecer do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) sobre a reforma trabalhista. A oposição já anunciou que vai obstruir a análise do documento, por considerar que o projeto é um retrocesso aos direitos trabalhistas.

Vanessa sabatina Moraes - Agência Senado

"Eles [base aliada do governo] tem pressa em aprovar as reformas, porque querem entregar alguma coisa ao mercado", afirma a senadora Vanessa Grazziotin na redes sociais. A senadora disse que dois questionamentos sobre o tema foram apresentados ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que ainda não deu respostas.

O projeto foi encaminhado pelo governo no ano passado e prevê, entre outras medidas, a prevalência do negociado sobre o legislado. A reforma trabalhista já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e está sob análise da CAE, e deverá ainda ser discutida nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Assuntos Sociais (CAS) para, então, ir a votação no plenário do Senado.

O senador Ricardo Ferraço entregou o relatório à Comissão na semana passada, mas havia dito que diante das revelações das conversas gravadas entre o empresário da JBS e Michel Temer, era preciso suspender o debate.

Mas depois da pressão de aliados, voltou atrás e disse que faria a leitura do parecer, no qual recomenda a aprovação do projeto. Depois de muita discussão e pressão da oposição, a sessão foi suspensa e o presidente da CAE, Tasso Jereissati (PSDB-CE), encerrou a sessão e deu o relatório como lido mesmo sem a efetiva leitura, o que viola o regimento interno da Casa. Jereissati que realizar a votação da reforma trabalhista nesta terça.


Para parlamentares da oposição, o parecer de Ferraço não foi efetivamente lido e afirmam que se a base do governo tentar colocar o projeto em votação, atuarão para obstruir a sessão desta terça.

"Vamos ter uma reunião tensa. Ninguém vai passar o trator. Não foi lido o relatório nem concedida vista coletiva", disse Lindbergh Farias (PT-RJ).

A base aliada, por sua vez, tem pressa. Querem que o relatório de Ferraço seja votado ainda nesta terça, pois acreditam que o avanço do projeto no Senado pode sinalizar ao mercado que, apesar da crise política, o governo Temer ainda tem força e governabilidade.

"Nós queremos votar, o projeto já foi muito discutido na Câmara e também no Senado. Os partidos que integram a base querem votar", disse o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC).