Publicado 23/05/2017 11:31
A reunião ocorre depois do governo ter cancelado um jantar no domingo (21) porque os parlamentares não compareceram. As revelações trazidas pela conversa do Temer com o empresário da JBS, Joesley Bastista, deixaram a sua base aliada em frangalhos. nos bastidores, a disucsão entre os alidados é definir qual é o melhor momento de desembarcar do governo.
A estratégia do governo é tentar demonstram que, apesar da crise, ainda detém governabilidade no Congresso. Partidos de oposição, no entanto, informaram que vão obstruir e impedir todas as votações. Algumas legendas até apresentaram pedidos de impeachment de Temer.
Diferentemente da postura adotada durante o governo da presidenta Dilma Rousseff, em que "pautas-bombas" foram lançadas paralisando o Congresso por três meses sem que fosse aprovado um projeto sequer, o consórcio golpista fala em manter a estabilidade do governo.
Pouco antes do jantar, em tom de pronunciamento, Rodrigo Maia disse que não será instrumento de desestabilização do governo. A declaração também indica que não aceitará nenhum dos 12 pedidos de impeachment protocolados contra Michel Temer.
Segundo ele, neste momento de "crise profunda" é importante manter a agenda do pais. "A presidência da Câmara dos Deputados não será instrumento para desestabilização do governo. O Brasil já vive uma crise muito profunda para que essa Casa cumpra um papel de desestabilização maior. Nós precisamos organizar, ter todas as nossas energias focadas na agenda econômica", afirmou.
Apesar da pose, o clima não é de tanta estabilidade. O governo já enfrentava resistências para a aprovação das reformas e, antes do vazamento das delações da JBS, jogava todas as suas ficahas para garantir o quórum da votação, que precisava de no mínimo 308 votos.
Agora, a situação ficou ainda mais difícil. A previsão é que sete MPs (Medidas Provisórias) do governo sejam votadas pelos deputados federais ao longo da semana. Maia disse que a votação em plenário da reforma da Previdência deve começar entre os dias 5 e 12 de junho, o que já representa um atraso em relação ao previsto antes da delação.
Para o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), aliado de Temer e vice-líder do governo na Câmara, a base aliada não foi desfeita. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse a base de Temer vai assegurar a votação dos projetos previstos para esta semana. Já a oposição na Casa defende apenas a apreciação, em segundo turno, da PEC que acaba com o foro privilegiado, previamente marcada para esta terça.
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) disse que vai apresentar seu relatório sobre a reforma trabalhista na reunião da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado. No entanto, ele havia dito na semana passada que a apreciação do texto estava suspensa devido à crise política do país.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) rebateu afirmando que a mudança de posição de Ferraço é um "escândalo". "Ninguém conversou com a gente, que faz parte da oposição. Nós achamos isso uma provocação. Só leem esse relatório por cima do nosso cadáver", declarou.
"Nós não vamos aceitar, no momento que o governo está desmoronando, que eles aprovem e leiam o relatório de um projeto tão contra o povo", completou o senador.