Fortes protestos em Atenas contra novas medidas de austeridade
O Parlamento grego aprovou, nesta quinta-feira (18), mais um corte nas aposentadorias e pensões e um nov aumento nos impostos. A oposição popular a este "quarto memorando" foi visível tanto na greve geral de quarta-feira como na manifestação de quinta, em Atenas.
Publicado 19/05/2017 16:46
Depois da greve geral, com forte impacto nos transportes e serviços, e das manifestações de quarta-feira (18), nomeadamente em Atenas e Salônica –, os protestos contra o "quarto memorando" (como foi batizado pelos manifestantes) prosseguiram ontem na capital, na Praça Syntagma, em frente ao Parlamento grego, com forte presença de aposentados e pensionistas.
Este novo pacote legislativo do governo Syriza-Anel não estava previsto no terceiro resgate e será aplicado assim que terminar o atual programa. Entre as medidas ontem aprovadas contemplam-se um novo corte nas pensões, a partir de 2019, e subidas de impostos, a partir de 2020.
Nos planos do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, o objetivo é poupar na despesa do Estado e, a quatro dias da reunião do Eurogrupo, agradar aos credores, convencendo-os de que "os sacrifícios do povo grego" justificam "um alívio na dívida", bem como a liberação de um novo pacote de 7,5 bilhões de euros no plano de resgate, indicam as agências Efe e Reuters.
Programa não cumprido, profunda recessão
Desde 2010, a Grécia recebeu dos credores cerca de 260 bilhões de euros em troca da realização de grandes reformas econômicas e cortes na despesa pública, que mergulharam o país numa profunda recessão econômica.
Presente na manifestação na Praça Syntagma, Maria, uma professora de 60 anos, falou à agência Efe da frustração que sente com Alexis Tsipras, líder do Syriza, que, em seu entender, "enganou duas vezes o povo, a primeira com o programa de Salônica e a segunda com o referendo".
A professora referia-se ao programa eleitoral apresentado pelo Syriza – não aplicado – e que levou a ganhasse as eleições em janeiro de 2015, e ao referendo em que o povo grego disse maioritariamente "não" ao terceiro resgate, mas que Tsipras acabou por assinar.