Em Porto Alegre, Dilma critica tentativa de criminalizar PT
Sob gritos de "Dilma guerreira, mulher brasileira", a presidenta eleita Dilma Rousseff subiu ao palanque da Câmara dos Vereadores na noite desta sexta-feira, em Porto Alegre, para participar de evento do PT para marcar um ano do golpe.
Publicado 13/05/2017 12:39
Em seu discurso, ela teceu críticas ao programa de governo de seu substituto, o presidente Michel Temer, falou sobre as causas do impeachment e com o cenário aterrador que se delineia na políticia brasileira.
De acordo com ela, o Brasil caminha para adotar uma “política social de auditório”, referência ao apresentador Luciano Huck. “Em Harvard (universidade nos EUA), eu assisti a uma inovação, que é o que eu chamei de política social de auditório. Uma pessoa quis demonstrar a eficácia social de um programa de televisão, de uma pessoa chamada Luciano Huck, mostrando como uma senhora tinha melhorado de vida”, disse.
Segundo ela, se antes a tendência dos neoliberais era de apoiar gestores como candidatos, “agora estão caminhando a passos largos para que seja um animador de auditório. Fernando Henrique Cardoso defendeu Luciano Huck como hipótese (…). Isso é gravíssimo. Há uma manipulação eleitoral explícita”, acrescentou.
Para a ex-presidente, o quadro é de um “desequilíbrio absoluto entre Poderes”, aprofundado pelo mpeachment. “Como o Executivo foi afetado com o golpe parlamentar, os outros poderes, como Legislativo e Judiciário, também foram afetados. No Judiciário, assistimos a seus integrantes se xingando”, disse.
Um dia depois da divulgação do conteúdo das delações do publicitário João Santana e de sua esposa, Monica Moura, a presidenta falou sobre as tentativas de criminalizar o PT e os políticos ligados à esquerda. "Podem esperar que eles vão tentar nos criminalizar, todos do PT e a mim também. E comigo tem uma característica interessantísima. É assim: "Ela sabia". Para eu provar que não sabia, é a coisa mais difícil, é a prova negativa. Como eu provo que não sei? Só quem sabe, sabe", disse.
Para Dilma, o golpe continuará nos próximos meses. "Terão outras tentativas. Como não me apropriei de um único tostão, não tenho conta, não tem um único empresário que pode dizer que me pagou propina (…). Eu não me atemorizo. E isso não é balela, é porque eu resisto, tenho muita capacidade de resistência, e isso que me incomodam muito", afirmou.
Sobre o depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, Dilma avaliou que se tratou de "uma vilania" o que fizeram com o ex-presidente, ao questionarem sobre as ações de Marisa Letícia, que faleceu em fevereiro deste ano. A ex-presdienta ressaltou que, mesmo sob ataque, Lula cresce nas pesquisas.
"É estarrecedor que o Lula, sob o mais violento cerco, mantenha o primeiro lugar nas pesquisas. Isso acontece porque o povo não engoliu o processo de desmoralização do Lula. Porque o povo brasileiro não é bobo", defendeu.
A ex-presidente fez, ainda, duras críticas aos projetos de reforma trabalhista e previdenciária propostos por Temer. "O que estão propondo não é uma reforma, é uma mudança de modelo. Querem mudar o modelo também na área social. É um retrocesso", condenou, para, em seguida, defender que é preciso resistir a essas medidas.