Publicado 21/02/2017 09:21
Na falta de acusação consistente, qualquer uma serve, desde que dê notícia negativa na imprensa.
Essa que veio a lume hoje, engendrada pela Polícia Federal é absolutamente surreal, mas capaz de impressionar os setores mais reacionários que, tendo perdido a paciência com Temer, ficam de cabelo em pé com a possibilidade de Lula voltar ao Planalto.
"A Polícia Federal atribui aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff crime de obstrução de Justiça" é a manchete produzida nos laboratórios da PF e reproduzida na mídia eletrônica. "Para a PF, ao nomear Lula ministro-chefe da Casa Civil, em março de 2016, a então presidente e seu antecessor – que com a medida de Dilma ganharia foro privilegiado no Supremo e, na prática, escaparia das mãos do juiz federal Sérgio Moro – provocaram 'embaraço ao avanço da investigação da Operação Lava Jato'".
Nem o grupo do "Porta dos Fundos" seria capaz de inventar um enredo tão absurdo.
A nomeação de Dilma, como se sabe, não foi consumada, pois uma liminar do ministro Gilmar Mendes a cancelou.
Como, então, algo que não aconteceu poderia ter provocado "embaraço ao avanço da investigação"?
É algo tão inverossímil quanto uma mulher ficar grávida sem ter tido relação sexual.
Ou alguém morrer mesmo sem ter nascido.
Fica a dúvida se é caso de obstrução de Justiça ou de obstrução de inteligência.
Mas é, sem dúvida, uma clara tentativa de obstrução da candidatura Lula no ano que vem.
E uma afronta – mais uma – à democracia.