2016, um ano de luta contra os "closes" errados
O ano de 2016 foi palco para diversos momentos difíceis, da opção dos principais veículos de comunicação por confundir a população, de muitas perdas sociais e no campo democrático, e acontecimentos negativos que contribuíram para a condução de nosso País a um caminho de viabilização de um projeto que impele profundos retrocessos, em especial para a classe trabalhadora e os grupos que se conveio chamar de “minorias”.
Por Andrey Lemos
Publicado 29/12/2016 15:53
Foi o ano dos “closes errados”, assim poderíamos nos referir, usando deste termo do cotidiano coloquial atual da comunidade LGBT. De fato, 2016 foi um ano repleto de “closes errados”. Desde seu início, nos dispomos a travar batalhar hercúleas. Algumas vencemos, mas perdemos a esmagadora maioria, lamentavelmente.
Iniciamos o ano refletindo dentro da programação dos 15 anos do Fórum Social, sobre a importância da mobilização na sociedade com foco na manutenção de um projeto político que defendesse a democracia aliada à concretude das liberdades individuais e coletivas, na perspectiva de almejarmos oportunidades para transformar diferentes realidades. Reconhecemos o que foram os 13 anos dos governos de LULA e DILMA para o povo brasileiro, sobretudo para as chamadas “minorias”, como os povos e comunidades tradicionais, população negra, LGBT, do campo, da floresta e das águas e em situação de rua, ou seja, na verdade, a maioria do povo brasileiro.
As políticas afirmativas, os programas de transferência de renda e o enfrentamento articulado à desigualdade que reduziram a miséria no seio do povo brasileiro, acendeu o ódio das elites. Essas políticas haviam colocado o nosso país em um patamar econômico e político bem melhor. Mas isso incomodou os setores historicamente detentores dos privilégios sociais e econômicos, os quais se reorganizaram através de uma mídia golpista, de um parlamento que representa interesses dos setores financeiros e de um judiciário que não representa mais a autonomia legal necessária para mantermos nossa democracia.
Os movimentos sociais, desde o início deste ano, apostaram nas lutas contra o impeachment, em defesa da democracia e pela retomada do crescimento do País, mas a direita conservadora se empenhou, ao lado da Rede Globo de Televisão, em investir no enfraquecimento, impedimento e afastamento de uma presidenta honesta e democraticamente eleita.
Fomos às ruas em defesa do mandato da presidenta DILMA e do estado democrático de direito assegurado pelo voto direto e pela constituição brasileira. Lamentavelmente, venceu o ódio, a hipocrisia, os corruptos, a imprensa manipuladora e o golpe. Fortalecemos a união da esquerda e dos movimentos populares, acreditamos que a organização das duas grandes frentes, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, foram muito importantes para manter a luta e a resistência nas ruas e construímos por todo o país vários comitês em defesa da democracia e contra o golpe, fomos nos organizando para denunciar o golpe em curso, a retirada de direitos e o desrespeito à nossa Constituição.
Ao lado do Golpe vieram todas as maldades: projetos de emendas, pacotes econômicos, medidas provisórias que tem unicamente como objetivo retirar da classe trabalhadora seus direitos, trazer de volta o patriarcado, escravagismo e consolidar definitivamente o extermínio da população feminina, preta, pobre e LGBT.
Durante treze anos de um projeto democrático de governo federal, onde realizamos dezenas de conferências, instalamos processos de gestão participativa, definimos estrategicamente parcerias entre governos e sociedade civil mecanismos de proteção social, visibilidade de demandas históricas e a construção de um novo país com mais igualdade de oportunidades, o que representava uma ameaça direta ao neo liberalismo e ao capital internacional. Muitos erros cometidos pelo governo, pela própria esquerda, nos impuseram derrotas em vários momentos no Congresso Nacional e refletiu também nas eleições municipais. Hoje o Brasil volta a um modelo de governo comprometido com os juros, a exploração e as oligarquias brasileiras. Diante desse processo de crescimento do obscurantismo, precisamos
destacar que os movimentos sociais tiveram papel fundamental no enfrentamento ao golpe, os estudantes secundaristas e universitários realizaram milhares de ocupações, ocupações estas que tinham grande parte de protagonismo preto, feminino e LGBT, o que demonstra que a sociedade está se levantando contra os machismos, racismos e lgbtfobias. A UNALGBT, entidade fundada em outubro de 2015, se fez presente nas diferentes formas de manifestação em defesa da nossa democracia em todo o período, participando das diferentes organizações de luta e resistência, e também com seu protagonismos para denunciar os retrocessos como fez na maior manifestação de rua do mundo, na XX Para da do Orgulho LGBT de São Paulo, organizamos com outros movimentos sociais o BLOCO FORA TEMER, com o grito de guerra: AMAR SEM TEMER, essa entidade que já nasce no seio da luta refirmou, em todo o território nacional, seu compromisso com a luta por uma sociedade livre e de igualdade de oportunidades.
Durante as eleições municipais de 2016, avançamos no número e na qualidade das candidaturas LGBT e ainda com propostas de governos municipais e mandatos no parlamento com compromissos assumidos em fortalecer a luta contra os machismos, racismos e lgbtfobias. Ainda sob o peso da campanha de ódio à esquerda, tivemos poucas vitorias, porém cumprimos nosso papel de denunciarmos as opressões do capital financeiro aliado a um projeto de poder no governo federal que não representa a maioria do povo brasileiro. Nesse sentido, importante ressaltar a candidatura à vice-prefeitura de Porto Alegre, da camarada sindicalista, educadora, feminista e lésbica, Silvana Conti que fez um excelente trabalho junto a população de sua cidade no debate contra o conservadorismo e de elevação da luta LGBT como instrumento essencial para emancipação humana e a consolidação da democracia.
Além do impeachment da Dilma, da perseguição ao LULA, da criminalização de movimentos sociais, da morte de Fidel, Dom Paulo Evaristo Arns, tivemos definitivamente um 2016 de muita luta, sobretudo de muitos enfrentamentos, principalmente para as populações negra, tradicionais e LGBT. Durante a III Conferência Nacional de Direitos Humanos e Políticas Para LGBT um conjunto de medidas para enfrentarmos o machismo, racismo e LGBTfobia que se encontram estruturados em uma sociedade marcada por um quadro de desigualdades de gênero e raça e finalizamos o ano com muitos sonhos apagados, mas sem perder a esperança e o desejo de lutar. Isso mesmo! Nós nos manteremos firmes e perseverantes, pois acreditamos que apenas a luta organizada do povo, por um modelo de sociedade que garanta oportunidades para todas e todos, sem qualquer tipo de opressão passa pela luta pelo direito de amar, pelo direito de exercer a liberdade, pelo direito de ressignificar a si, pelo direito aos nossos corpos, nossas identidades, pela liberdade de expressar nossas afetividades.
Sonhamos com uma sociedade livre, emancipada, e esperamos que em 2017, possamos continuar irmanados com outros movimentos sociais. Acreditamos que a mobilização, participação, formação política serão instrumentos para o enfrentamento ao conservadorismo, e que esse conservadorismo é o grande inimigo do povo brasileiro, pois o racismo, o machismo e a lgbtfobia são instrumentos de opressão que se incidem com mais força nas classes mais oprimidas, no seio das trabalhadoras e dos trabalhadores, e ainda junto aos seguimentos jovens que com o governo temerário não conseguem encontrar a liberdade que precisam para construir o futuro. Que venha o ano novo, com novas esperanças, novas forças, muita luta e resistência, para seguirmos lutando por justiça social, queremos gigantes vitórias. Em 2017 #Amarsemtemer,
#Lutaeresistência #nenhumdireitoamenos!