Manoel Fonseca: Acumular força, confiar na luta, defender a democracia

“As palavras de ordem que se impõem como norteadoras de nossas ações e de nossa busca de unidade devem ser, entre outras: "nenhum direito a menos" e "diretas já". Não podemos dar trégua ao usurpador e traidor”.

Por *Manoel Fonsêca

Diretas Já - Foto: Mídia NINJA

Sofremos um grande golpe na democracia e no Estado de Direito neste fatídico ano de 2016: a destituição de uma presidenta honesta, a marteladas da imprensa fascista, do parlamento golpista e corrupto e do judiciário (STF) leniente e conivente. Mas terminamos o ano, embora com a fadiga de tanta luta e de tantas derrotas, acumulando certo alento.

Por um lado, pela pujança do movimento estudantil secundarista no #ocupeescola e dos estudantes universitários, do movimento dos artistas, das mulheres, de trabalhadores do campo e da cidade, de vários coletivos de profissionais liberais, de jornalistas e do ressurgimento das "comunidades eclesiais de base", agora com a denominação de "cristãos de esquerda", "cristãos pelo direito de decidir", "povo de Deus" ou outras denominações de coletivos cristãos progressistas.

Por outro lado, assistimos, neste último trimestre do ano, o desgaste acachapante do golpista traidor Michel Temer, que tem pavor de aparecer em espaços coletivos, temendo ser vaiado, além de ser avaliado como o pior presidente da história, com apenas 8% de aprovação. Quase uma dezena de seus ministros teve que ser demitida por envolvimento com falcatruas ou corrupção, a economia está em pandarecos, o desemprego bate à porta de milhares de trabalhadores, a revolta surda, causada por retirada de direitos, os meios de comunicação golpistas acumulam descréditos e a perseguição desenfreada e inescrupulosa dos Moros e Dallanois ao ex-presidente Lula põe a nu o Savanarola Tupiniquim e seus sequazes, que transformaram uma operação de combate à corrupção, que poderia estabelecer novo patamar na relação público-privado, num instrumento de perseguição política seletiva e numa quebra das regras democráticas constitucionais.

A vida também não está tão fácil para os golpistas e reacionários. Apesar de tudo, acumulamos força, particularmente pelo despertar de consciências em muitos seguimentos que estavam adormecidos ou com os olhos empanados pela propaganda mentirosa e fascistóide de vários órgãos de comunicação, com destaque para a Rede Globo.

O ano de 2017 será de luta, sem nenhuma dúvida. A tática de fustigar os golpistas no parlamento, nas ruas e nos locais de trabalho, usando criativamente todo e qualquer meio de comunicação e de luta, deve ser intenso e permanente. As palavras de ordem que se impõem como norteadoras de nossas ações e de nossa busca de unidade devem ser, entre outras: "nenhum direito a menos" e "diretas já". Não podemos dar trégua ao usurpador e traidor e nem aceitar um presidente eleito exclusivamente por este Congresso venal, num processo semelhante à Ditadura Militar, de eleições indiretas, sem o voto popular.

Resistir é preciso, acumular força na unidade de ação, lutar pela democracia, por nossos direitos, pelo futuro de nossos filhos e netos, pela vida digna para todos.


*Manoel Fonsêca é médico, escritor, um dos coordenadores do Movimento Médicos pela Democracia do Ceará.

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