Geddel constrange Temer e diz que não pede demissão
Depois de ter admitido que cobrou uma revisão da posição do Iphan, que embargou a obra de um apartamento de R$ 2,4 milhões comprado por ele, o ministro Geddel Vieira Lima agora afirma que não fez pressão e diz que o fato de ter um imóvel no prédio não lhe tira legitimidade para interferir num assunto que não é da sua área.
Publicado 19/11/2016 14:52
Depois de ter admitido que pressionou o Iphan a rever o embargo de uma obra onde tem um imóvel de R$ 2,4 milhões, o que constitui crime de advocacia administrativa, por ter usado um cargo público para defender seu interesse pessoal, o ministro Geddel Vieira Lima concedeu uma entrevista ao jornalista Gustavo Uribe, do Brasil 247, e negou ter pressionado o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, a despeito de todas as evidências que apontam na direção inversa.
"Eu tratei com ele do tema, com a transparência que o tema exigia, fazendo ponderações de um assunto que está judicializado. Em nenhum momento houve pressão. E a maior demonstração disso, e que torna a questão dele ainda mais incompreensível, é que a posição final que prevaleceu foi a dele", disse Geddel.
Na verdade, Calero não só perdeu a disputa, como se demitiu do cargo, alegando que Geddel foi truculento e queria obrigá-lo a participar de uma maracutaia.
O ministro também disse que não se vê impedido de tratar do tema – que não tem qualquer relação com a sua atividade governamental – pelo fato de ter comprado uma unidade no empreendimento.
"Em 2015, eu fiz uma promessa de compra e venda de uma unidade que estava lançada, sem nenhum problema, com todas as licenças colocadas e que vários outros adquiriram uma unidade de apartamento. O que não me tira, me dá legitimidade para levar a ele um problema por conhecer o que estava ocorrendo, estar preocupado, como todo cidadão fica preocupado em uma situação dessa", disse ele.
Geddel também sugeriu que Michel Temer não condições de demiti-lo. "O presidente tinha lido a entrevista, ficou também sem entender as razões, até porque o Calero não colocou essas razões para ele e se especulou o que tinha havido. O presidente chegou a fazer um apelo para que ele permanecesse na função. E orientou que eu procurasse responder com a tranquilidade que eu estou respondendo, com a verdade. Manifestou seu respeito, carinho e apoio à nossa posição", disse ele. "Eu conheço o presidente há 25 anos. Eu não preciso que ele manifeste confiança para saber até quando ele confia em mim."