Deputados estranham "silêncio" sobre prisão de Cunha
A prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Operação Lava Jato, nesta quarta-feira (19), repercutiu entre os deputados, que debatem medida do governo ilegítimo de Michel Temer, guindado a condições de Presidente da República por ação de Cunha quando estava no exercício da Presidência da Câmara. A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) foi uma das primeiras a se manifestar, estranhando o “silêncio” da mídia e dos ex-aliados de Cunha.
Publicado 19/10/2016 15:53
“Em outros momentos, ou com outros presos, nós teríamos aqui foguetórios, e, neste momento, com a prisão do ex-deputado e ex-presidente Eduardo Cunha, vejo um silêncio sepulcral”, afirmou a parlamentar, destacando que “não há uma foto da prisão do ex-deputado e ex-presidente Eduardo Cunha que seja notificada para a sociedade brasileira.”
Para a deputada, o comportamento da grande mídia prova que “há um monóculo tanto nas decisões sentenciadas, como para a visibilidade na sociedade brasileira dos acontecimentos relacionados com acusações de corrupção”, afirmou, acrescentando que “isso de fato nos causa espécie, nós causa reviravoltas estomacais diante da atitude seletiva, da atitude diferenciada em relação a acusações que ocorrem em relação a casos de corrupção.”
Indignado com o tratamento diferenciado dado pelo juiz Sérgio Moro ao ex-Presidente da Câmara, o deputado Chico Lopes afirmou que “um traste que tem cinco milhões fora do País, na base da corrupção praticada dentro do Brasil, que não tem mais mandato de deputado, tratado como se fosse uma pessoa que não é corrupta ou qualquer coisa desta natureza”, acrescentando que o juiz Sérgio Moro “faz parte dessa trupe, desse imbróglio do golpe no Brasil, que entrega descaradamente a Petrobras, que desqualifica a educação nacional descaradamente.”
Postergações e adiamentos
Também o deputado Henrique Fontana (PT-RS-foto) criticou, em discurso no plenário da Câmara, “o processo em que alguns setores do Judiciário e do Ministério Público intensificam uma atuação seletiva que mistura o seu papel de agente de Estado com a disputa pelo poder e a disputa política no País.”
O parlamentar manifestou preocupação com “a decisão da Justiça de postergar indefinidamente a homologação de três ou quatro delações premiadas, que, do meu ponto de vista, vão derrubar o Governo ilegítimo de Temer”, citando as empreiteiras Odebrecht, OAS e Delta e do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
E cobrou do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot; do juiz Sérgio Moro, que conduz todo esse processo em Curitiba, no Paraná; e do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, a homologação dessas delações, afirmando que “se não forem homologadas, eu passo a pensar que estão postergando a homologação dessas delações para que Temer atravesse o dia 31 de dezembro, e depois nós, em caindo o Governo Temer, tenhamos uma eleição indireta feita por este Parlamento.”
“Eu tenho convicção de que essas delações podem derrubar o Governo ilegítimo de Temer. E isso tem que ser feito até dezembro, para que o povo brasileiro possa, em eleição direta, escolher o novo Presidente da República. Se atravessar dezembro, é eleição indireta feita por este Parlamento, que é comprometido com o golpe parlamentar recentemente consolidado no País”, destacou Fontana.