Recebido com protestos, Temer chega à Argentina
A visita de Michel Temer à Argentina é marcada por protestos nesta segunda-feira (3). Alinhados pela política de retrocesso, o presidente Mauricio Macri terá como pauta o que chama de “reimpulsionar” a relação e a sabotagem contra a Venezuela no bloco do Mercosul.
Publicado 03/10/2016 12:58
“O pensamento do presidente Macri é muito parecido com o que temos. Acho que pensamos da mesma maneira. Isso vai facilitar muito as coisas”, disse Temer, em uma entrevista em Brasília, ao jornal argentino La Nación.
Em Buenos Aires, um grupo de manifestantes ocupou a frente da Quinta Presidencial de Olivos, residência oficial do presidente argentino. Com cartazes e faixas com os dizeres “Fora golpista” e “Fora Temer”, os manifestantes espalharam ratos de borracha na entrada da residência presidencial.
Contrário ao golpe, o coletivo autointitulado Passarinho, que reúne brasileiros residentes na Argentina e argentinos, convocou protestos para marcar a passagem relâmpago de algumas horas de Temer no país. Macri foi o primeiro a reconhecer o governo do usurpador Temer, assim que a presidenta eleita Dilma Rousseff foi afastada em maio.
“Já estamos na entrada da Quinta de Olivos aguardando a chegada do golpista Michel Temer e de sua comitiva de impostores – sim, o ‘presidente’ do Brasil não será recebido na Casa Rosada como qualquer outro chefe de Estado. ¡Fuera Temer!”, diz texto publicado às 11h30 na página do coletivo nas redes sociais.
O ato estava marcado para acontecer na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada (o palácio presidencial). Mas prevendo protestos, Macri decidiu na última hora transferir o encontro para a residência oficial.
O protesto conta com a participação de diversas entidades e movimentos políticos argentinos. Manifestações também estão previstas na base área em que Temer vai embarcar para o Paraguai, onde se reunirá com Horacio Cartes.
Entre os movimentos populares estão representantes da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), Movimiento Evita, Organización Nacional Peronismo Militante, Bloco de Deputados Nacionais do Peronismo para la Victoria, entre outras agrupações.
O deputado argentino Gabriel Fuks disse em entrevista ao Clarín que participará do protesto. “Foram vários os deputados que adotaram em suas bancadas o cartaz ‘Fora Temer’”, afirmou o deputado do partido Frente para La Victoria.
E completa: “Sob o pretexto de uma maior flexibilidade na geração de acordos com outras regiões, está a premissa de minar as relações entre os países do Mercosul e posteriormente desativá-lo”.
Ainda sobre o encontro, Temer tenta traçar um plano para sabotar o governo venezuelano de Nicolás Maduro, junto com Macri e o presidente paraguaio Horacio Cartes. Eles já manifestaram o apoio a um golpe contra o governo venezuelano, seguindo o modelo que levou Temer ao poder.
"Apoiamos que o referendo seja realizado este ano. É nossa proposta. Caso contrário, veremos que atitude tomar no futuro", disse Temer.