Para Geddel, ministro de Temer, "caixa dois não é crime"
O ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer e responsável pela articulação política, Geddel Vieira Lima, afirmou que caixa dois não é crime e que quem se beneficiou deste mecanismo no passado não pode ser penalizado.
Publicado 21/09/2016 10:09
A lógica de Geddel para dizer que caixa 2 não é crime se baseia no simples fato de que o projeto enviado pelo Ministério Público Federal (MPF) à Câmara pede, entre outros pontos, a criminalização do caixa dois.
“Se pede isso, é lícito supor que caixa 2 não é crime. Se não é crime, é importante estabelecer penalidades aos que infringirem a lei. Agora, quem foi beneficiado no passado, quando não era crime, não pode ser penalizado”, explicou o peemedebista, que defendeu ainda que esta discussão tem que ser feita pelo Congresso “sem preconceito e sem histeria”.
O país vive uma das mais graves crises políticas da história e tem no financiamento empresarial de campanha a sua nascente. Isso parece não ser importante para Geddel, que continua a tecer comentários sobre a sua tese: “Não sou jurista e posso estar falando uma blasfêmia do ponto de vista jurídico. Estou analisando a situação pela lógica. Não trataria como anistia porque anistia serve a quem cometeu um crime. No caso do caixa dois, se não tem crime, não tem anistia”.
Apesar das afirmações, o ministro de Temer disse que o seu governo não participou das negociações com líderes dos partidos da base aliada na Câmara para manobrar pela votação da anistia ao caixa dois na noite de segunda-feira (19). A operação acabou frustrada pela forte reação de deputados da oposição.
Ele justificou, no entanto, que o tema não foi pautado de modo “apropriado”. “Não vi o texto, não fui consultado. Sei que este é um assunto que vem sendo tratado no Congresso”, disse.
Diferentemente da avaliação de Geddel, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Velloso, considera que caixa dois é crime. Disse ainda que a proposta de anistia que tramita na Câmara é imoral.
“Esse crime já está definido no Código Eleitoral e também no Código Penal, como falsidade ideológica. A anistia não passa de algo imoral. Pretendendo estabelecer um tipo penal específico, quer-se, na verdade, anistiar delitos praticados perante o Código Penal e o Código Eleitoral. Isto não passa de uma farsa. E caixa dois é coisa de bandido, sempre foi coisa de bandido”, afirmou Velloso.