Publicado 20/09/2016 11:40
O sistema de comunicação de massas é a chave.
Redes de TV monopolizadas e conectadas com as de mais mídias – jornais, revistas semanais, sites e blogs, fan pages… – constituem, como já se tem dito tantas vezes, o aparelho formador de um pensamento único na sociedade brasileira.
Claro que, redes sociais e blogs independentes, em certa medida, possibilitam uma válvula de escape.
Mas a batalha é infinitamente desigual.
Daí a possibilidade de uma extraordinária manipulação da atenção das pessoas. Uma versão reacionária da guerra de guerrilhas: fazer barulho no norte e atacar no sul.
Na pauta, o que os senhores do “mercado” e da mídia determinam: a morte de um ator famoso, o casamento de um monarca europeu, os maus ventos da economia, a violência criminal, a corrupção (comprovada ou não) e quejandos.
Enquanto isso, nos gabinetes de Brasília, da Avenida Paulista e de Wall Street se urde a trama da regressão do Brasil às políticas neoliberais.
Quase à sorrelfa – porque o noticiário não esclarece – as reformas previdenciária e trabalhista, o pacote de privatizações oferecido por Temer e seu grupo aos investidores internacionais, a preservação da política de juros altos em beneficio do rentismo dão, dentre muitas outras iniciativas, a marca da perversidade de políticas destinadas a enfraquecer a soberania do país e aprofundar as desigualdades sociais.
Programas sociais que aliviam a miséria e impulsionam a microeconomia são agora vistos com violões do desequilíbrio das contas públicas.
Tudo em favor do grande capital financeiro – e em prejuízo da maioria da população, que vive do seu trabalho ou se encontra em situação de vulnerabilidade.
E a população se mantém em sua maioria perplexa, descrente e distante da política. Desperta agora, estimulada pela TV e pelo rádio, para o fato eleitoral de outubro. Mas ainda um tanto equidistante.
Também aí o complexo midiático, ao elevar à enésima potência a visibilidade de fatos negativos, faz o seu estrago.
É possível que aumente consideravelmente os percentuais de abstenção, votos nulos e brancos.
De tal modo que, sob a avalanche regressiva e pessimista do momento, cumpre combinar a resistência ao governo usurpador de Temer com o esforço real de alcançar resultados positivos para as forças democráticas e populares em 2 de outubro.
Nos meses que se seguirão, o desenho da luta política e social estará mais nítido. E uma nova fase da vida do país plenamente instalada, marcada pela instabilidade e pelo conflito nas mais diversas esferas da sociedade.