Fotográfo detido em ato deve passar por audiência de custódia
Permanece preso um dos três manifestantes detidos nesta segunda-feira (11) durante ato contra o golpe na capital paulista. Ele é fotógrafo, tem 41 anos e foi indiciado por dano, resistência e lesão corporal pela Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP). O manifestante deverá passar ainda nesta terça-feira (12) por uma audiência de custódia, quando um juiz vai verificar a legalidade da prisão.
Publicado 12/09/2016 16:22
Segundo informações dos Jornalistas Livres, a PM encurralou alguns manifestantes contra um gradil e começou a revistá-los. Um deles era o fotógrafo que tentou argumentar com a polícia em defesa do grupo que estava sendo revistado, mas acabou sendo preso também. Amigos dos três contaram que a polícia abordou o grupo e revistou suas mochilas, por volta das 17h30. O grupo usava máscaras, sob a alegação de que faria uma intervenção artística durante o ato.
"Descontrolados, os policiais atacavam quaisquer pessoas em volta. Inclusive a imprensa. Detiveram a menina porque ela ousou perguntar "Por que a violência?"… O soldado respondeu-lhe: "Porque sim". Quando ela retrucou: "Porque sim não é resposta!", o PM a deteve. Essa gente nunca assistiu ao "Castelo Rá Tim Bum"?, postou o Jornalistas Livres.
Pessoas que presenciaram a prisão disseram que não houve incidente provocado pelo grupo que pudesse motivá-la, mas o major Telles, que comandou a operação, disse que os detidos foram abordados “porque estavam mascarados e com mochilas” e seriam levados para o 78º Distrito Policial e depois para o Departamento Investigações Criminais. Isso, entretanto, não ocorreu, segundo a Agência Brasil, porque o delegado cancelou a transferência.
Houve um início de tumulto durante a detenção, com correria entre participantes da manifestação, por medo que pudesse ocorrer violência contra outras pessoas. O ex-senador Eduardo Suplicy, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) se aproximaram e mediaram a situação, que logo voltou ao normal.
Valente criticou a ação policial: "Imensa desnecessidade e uma truculência da Polícia Militar. Mesmo que alguma pessoa esteja mascarada ou com alguma coisa na mochila, você não pode tensionar uma manifestação de milhares de pessoas. É uma irresponsabilidade isso. Em todo caso, por pressão aqui dos parlamentares, a Polícia Militar afastou a tropa e a passeata vai seguir pacificamente".
Representação à OEA
O senador Lindbergh Farias disse que há uma representação já pronta para ser entregue à Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), sobre a atuação policial nas manifestações.
Segundo o senador, a representação tem dados das últimas manifestações e a intenção é que a Corte se posicione sobre a questão. Lindbergh falou sobre um caso divulgado pela imprensa, em que um militar do Exército estaria infiltrado e disfarçado entre manifestantes, no dia em que mais de 20 pessoas foram detidas no Centro Cultural São Paulo sem que nenhum crime tivesse sido cometido.