Desmonte da Petrobras: Parente vai vender gasodutos

Depois de anunciar a entrega de um dos mais promissores campos do pré-sal – o de Carcará – para a empresa norueguesa Statolil, a Petrobras, sob o comando de Pedro Parente, deve anunciar até o fim do mês a venda de cerca de 90% de sua participação na rede de gasodutos Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para um consórcio liderado pela canadense Brookfield. Consolidado impeachment, as forças por trás do golpe paracem ter pressa em desmantelar a maior e mais simbólica empresa estatal do país.  

Pedro Parente - Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

O negócio está avaliado em US$ 5,2 bilhões e trata-se da maior operação, até agora, do plano de venda de ativos da estatal, cuja justificativa tem sido a da redução do endividamento da companhia.

Além da Brookfield, o consórcio comprador tem fundos soberanos de Cingapura e da China e o fundo de pensão de British Columbia, no Canadá. A NTS tem cerca de 2,5 mil quilômetros de gasodutos no Sudeste do Brasil.

Petroleiros, engenheiros e geólogos têm tecido duras críticas à venda do patrimônio da empresa. Em entrevista no último mês, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, foi enfático ao condenar a tentativa de desnacionalização da companhia.

"[Parente] quer vender a malha de gasoduto, que é um patrimônio nacional, e entregar isso para as empresas estrangeiras gerirem e coordenarem um segmento extremamente estratégico. O que o Parente quer é desmontar a Petrobras para poder entregar o pré-sal às multinacionais. Ele está repetindo uma estratégia que fez no período do governo Fernando Henrique", disse ao site Sputnik Brasil.

Recentemente, um manifesto do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros desmente que a privatização da BR Distribuidora, dos gasodutos, da indústria de fertilizantes seja “em nome do saneamento da Petrobrás”, como quer fazer crer a direção da companhia. "Nada mais falso. O que ele [Parenet] pretende é repassar ao setor privado os setores mais rentáveis do sistema de petróleo, pois o maior lucro está no valor agregado em derivados, petroquímicos, transporte e fertilizantes", diz o texto.

Em entrevista ao Vermelho, no final de julho, Divanilton Pereira, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), destacou que uma das principais vantagens da Petrobras é justamente o fato de se tratar de uma empresa integrada, responsável desde à exploração até a distribuição. Com a venda de ativos estratégicos, a nova gestão – empossada pelo presidente Michel Temer – esquarteja a companhia, reduzindo o papel da estatal que tanto querem enfraquecer.